Longa francês 'Uma relação delicada' apresenta personagem asqueroso
Isabelle Huppert surpreende com personagem que luta para manter a digindade; confira a crítica
Ricardo Daehn
Publicação:06/06/2014 06:04
No 13º filme assinado pela sempre controversa diretora Catherine Breillat, há uma mulher que se arrasta para manter a dignidade, passado um ataque de epilepsia, como ela diz. Quem confere a veracidade ao papel é Isabelle Huppert. Às braçadas, ela desfila o talento de quem tem nada menos do que 14 indicações ao prêmio César (o mais importante do cinema francês) de melhor atriz. Curiosamente, Huppert — num daqueles papéis que deixam o público estarrecido — não foi lembrada em premiações, pelo longa de Breillat.
A tosca convivência entre Maud e Vilko — para choque geral — vem justamente da experiência de vida de Breillat (de fitas explosivas, como Anatomia do inferno e Romance). A diretora, entretanto, sabe manter a isenção. A personagem se deixa chamar de “tirana”, carrega na carga de um cinismo perturbador e não preza, por demais, delicadeza. Num tratado de prostração e submissão, é enervante acompanhar não apenas vigarices e punições emocionais. A agonia extra vem do malabarismo corporal adotado por Huppert.
Filme é baseado na experiência de vida da diretora Catherine Breillat
No 13º filme assinado pela sempre controversa diretora Catherine Breillat, há uma mulher que se arrasta para manter a dignidade, passado um ataque de epilepsia, como ela diz. Quem confere a veracidade ao papel é Isabelle Huppert. Às braçadas, ela desfila o talento de quem tem nada menos do que 14 indicações ao prêmio César (o mais importante do cinema francês) de melhor atriz. Curiosamente, Huppert — num daqueles papéis que deixam o público estarrecido — não foi lembrada em premiações, pelo longa de Breillat.
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O dinheiro se interpõe entre os protagonistas do filme: a cineasta Maud, que diz ter “metade do corpo morta”, e Vilko (Kool Shen), um daqueles personagens asquerosos, que desafiam a paciência do público. Depois de roubar 35 milhões de euros, ele ganha a chance, pela boa vontade de Maud, de se tornar um ator amador. Nos bastidores, Vilko ganha privilégios, pela relação de dependência desenvolvida pela diretora. Além de tudo é agressivo, quando dispara pérolas como “Nada a comove. É mesmo uma burguesa fria”. A tosca convivência entre Maud e Vilko — para choque geral — vem justamente da experiência de vida de Breillat (de fitas explosivas, como Anatomia do inferno e Romance). A diretora, entretanto, sabe manter a isenção. A personagem se deixa chamar de “tirana”, carrega na carga de um cinismo perturbador e não preza, por demais, delicadeza. Num tratado de prostração e submissão, é enervante acompanhar não apenas vigarices e punições emocionais. A agonia extra vem do malabarismo corporal adotado por Huppert.