O inspirado filme O Grande Hotel Budapeste se destaca pelo roteiro ágil
Com atuação correta de Ralph Fiennes, comédia se destaca na filmografia do diretor Wes Anderson
Ricardo Daehn
Publicação:04/07/2014 06:00Atualização: 04/07/2014 12:37
Há um momento no novo filme de Wes Anderson em que um escritor é exaltado, pela habilidade de repassar, com rigor, "o inesperado" de episódios, da forma como foram ouvidos. A bem da verdade, soa a elogio autorreferente: aos 45 anos, o diretor atinge maturidade ainda desconhecida, num mundo sempre particular, que parece ter o colorido de Lego. Entre reconfortantes sessões de banho turco e lobbies sem vida, tipos solitários circulam pela "velha ruína encantada" que dá título ao filme. Dedicado ao escritor austríaco Stefan Zweig, o filme presta ode à amizade incondicional.
Confira o trailer do filme
A começar pelo trocadilho com a SS nazista - no emblema da fictícia divisão Zig Zag (ZZ) -, o diretor Wes Anderson expõe seu humor, muitas vezes, iconográfico. A existência de uma espécie de maçonaria do setor hoteleiro (a tal da sociedade das Chaves Cruzadas) rende um segmento muito divertido. Fica difícil também optar pelo melhor riso, em outras gags: há do tamanho das ferramentas (para fuga) escondidas em doces colocados para dentro de um presídio até o estudo da pilhagem arquitetada entre familiares de uma condessa recém-falecida (papel de Tilda Swinton).
Contando com interpretação antológica de Ralph Fiennes, O Grande Hotel Budapeste faz valer, por meio de ágil roteiro, justamente um de seus temas: o rico poder de criatividade e a adoração nascida pelo hábito da leitura. Tudo isso com embalagem pop e momentos de impacto que incluem, sem agressão visual, até dedos amputados. Cortesia do habilidoso Wes Anderson.
Ralph Fiennes brilha no papel do encarregado pelo lobby do hotel
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Assoberbado pela quantidade de demandas, Gustave (Ralph Fiennes, excepcional) circula pelo lobby de um hotel, ora chamado de "pederasta", ora arrebatando a atenção, tal qual gigolô, de obsoletas socialites. Rigoroso, Gustave luta, na entressafra das duas Grandes Guerras Mundiais, para manter o mundinho dele ordenado. Com enredo quase totalmente no passado, o filme discorre sobre o misterioso proprietário do hotel da Europa mais oriental e sitiada pelas ameaças bélicas. Os raros "lampejos" de civilidade pouco contaminam a galeria de personagens esquisitos, entre os quais Agatha (Saoirse Ronan, de Desejo e reparação); o aspirante a mensageiro, tão humilde ao ponto de levar o nome de Zero (Tony Revolori); e o outrora pequeno e agora influente Albert (Edward Norton).Confira o trailer do filme
A começar pelo trocadilho com a SS nazista - no emblema da fictícia divisão Zig Zag (ZZ) -, o diretor Wes Anderson expõe seu humor, muitas vezes, iconográfico. A existência de uma espécie de maçonaria do setor hoteleiro (a tal da sociedade das Chaves Cruzadas) rende um segmento muito divertido. Fica difícil também optar pelo melhor riso, em outras gags: há do tamanho das ferramentas (para fuga) escondidas em doces colocados para dentro de um presídio até o estudo da pilhagem arquitetada entre familiares de uma condessa recém-falecida (papel de Tilda Swinton).
Contando com interpretação antológica de Ralph Fiennes, O Grande Hotel Budapeste faz valer, por meio de ágil roteiro, justamente um de seus temas: o rico poder de criatividade e a adoração nascida pelo hábito da leitura. Tudo isso com embalagem pop e momentos de impacto que incluem, sem agressão visual, até dedos amputados. Cortesia do habilidoso Wes Anderson.