Confira a crítica feita para o filme Transformers: A era da extinção
Quarto longa da franquia se perde em enredo rocambolesco, mas chama a atenção por pitadas de ironia e autocrítica
Ricardo Daehn
Publicação:18/07/2014 06:04Atualização: 17/07/2014 14:35
No grande desfile de empresas de produtos promovidos no quarto filme da franquia, uma marca em particular salta aos olhos: Michael Bay. Produtor e diretor, Bay despersonaliza muito do que seja humano em pessoas — para acirrar pretensa carga emocional em ferragens e para-choques dotados de vida no roteiro a cargo de Ehren Kruger (O chamado e Pânico 3).
No entra e sai de personagens de carne e osso, desaparecem Shia LaBeouf, Josh Duhamel e companhia, estando agora em foco os tipos vividos por Mark Wahlberg (Cade, um construtor de engenhocas) e Nicola Peltz (Tessa, a filha de Cade prometida para Shane, interpretado por Jack Reynor). Além deles, povoam o enredo vilões feitos por Stanley Tucci, Kelsey Grammer (do seriado Farsier) e Titus Welliver.
Como fazer o espectador se identificar com os robôs falantes? Pode ser um caminho se aproximar da narrativa de heróis acuados (com os autobots tendendo aos X-Men) ou trazer rocambolescos episódios voltados à espionagem industrial. Bem-humorado, o diretor parece se render à autocrítica. Num ambiente de cinema antigo, há personagem que critica “as porcarias” das “sequências e das “refilmagens”.
Roteiro acaba se perdendo na quantidade de temas abordados no filme
No entra e sai de personagens de carne e osso, desaparecem Shia LaBeouf, Josh Duhamel e companhia, estando agora em foco os tipos vividos por Mark Wahlberg (Cade, um construtor de engenhocas) e Nicola Peltz (Tessa, a filha de Cade prometida para Shane, interpretado por Jack Reynor). Além deles, povoam o enredo vilões feitos por Stanley Tucci, Kelsey Grammer (do seriado Farsier) e Titus Welliver.
Como fazer o espectador se identificar com os robôs falantes? Pode ser um caminho se aproximar da narrativa de heróis acuados (com os autobots tendendo aos X-Men) ou trazer rocambolescos episódios voltados à espionagem industrial. Bem-humorado, o diretor parece se render à autocrítica. Num ambiente de cinema antigo, há personagem que critica “as porcarias” das “sequências e das “refilmagens”.
Outro ganho, no filme, é a maneira mais natural pela qual os robôs se transformam. Contraposta, está a tendência ao ridículo de o longa acoplar máquinas semelhantes a dragões que inflam um filme já por demais longo. Operações clandestinas — com procedimentos da Agência Central de Inteligência e de um industrial do ramo dos automóveis — alcançam até a possibilidade de reencarnação do vilanesco Megatron (líder dos Decepticons), além de infinitas versões de protótipos de metal derretido. O surgimento do temido Galvatron, nas circunstâncias, faz-se inevitável.
A corrida atrás da “semente” (um segredo do filme), com rearranjos de sucata e um esperado salto “quântico”, faz a festa dos espectadores mais fissurados na aventura de “carros sinistros”. A definição é cortesia do cabeludo Lucas (um fiapo de personagem aniquilado, sem maiores pesares, em combate). Cheio de desnecessários recortes — talvez o pior trate da evolução de espécies —, Transformers: a era da extinção acaba por se embolar: lidando com ogivas e explosões, é curioso que a melhor sequência esteja na simplicidade, com as bem articuladas pancadarias e perseguições por Hong Kong, com corre-corre entre humanos e ameaças mais realistas.
A corrida atrás da “semente” (um segredo do filme), com rearranjos de sucata e um esperado salto “quântico”, faz a festa dos espectadores mais fissurados na aventura de “carros sinistros”. A definição é cortesia do cabeludo Lucas (um fiapo de personagem aniquilado, sem maiores pesares, em combate). Cheio de desnecessários recortes — talvez o pior trate da evolução de espécies —, Transformers: a era da extinção acaba por se embolar: lidando com ogivas e explosões, é curioso que a melhor sequência esteja na simplicidade, com as bem articuladas pancadarias e perseguições por Hong Kong, com corre-corre entre humanos e ameaças mais realistas.