Com Emma Stone no elenco, Woody Allen não traz novidades em Magia ao luar
O diretor escorrega no foco (novamente), ao revolver elementos sobrenaturais externados em filmes como O escorpião de Jade, Scoop
As cenas menos plausíveis — com absurdos recursos visuais de cinema escamoteando truques de mágica circense — e o divertido andamento inicial de Magia ao luar, feito da incongruência de um ilusionista de estilo mandarim (mas gritante sotaque britânico) direcionam o espectador para ledo engano: há prenúncio de um belo filme.
E, de fato, não há feiúra, mesmo porque o diretor de Fotografia iraniano Darius Khondji é o mesmo do exemplar Meia-noite em Paris. Mesmo que posto à prova, o roteiro do novo filme de Woody Allen também é indulgente em exaltar a “beleza da alma”, em contraponto aos atrativos de personagens mais viçosos. Aos olhos da tia, interpretada pela veterana Eileen Atkins (O fiel camareiro), o narcísico protagonista, Stanley (Colin Firth), é “perfeito, sem ser enfadonho”. Mas haja benevolência.
Stanley se assume misantropo, e se perde naquele falatório que, como de costume, contempla ciência, filosofia e religião. Claro que há lampejos de graça, caso da persistente comparação de ectoplasma com algo da “consistência de iogurte”, pelo que argumenta Stanley.
Celebridade no tablado em que executa seus números de mágica, ele é apegado a grosserias, e prega que “autógrafos são para imbecis”, por exemplo. O radicalismo se infiltra na visão da vida, pela ordem, “cruel, brutal e curta”. Numa linha de autopastiche, Allen escorrega no foco (novamente), ao revolver elementos sobrenaturais externados em filmes como O escorpião de Jade, Scoop: O grande furo e Neblina e sombras. Ou seja, nada do que de mais louvável embale sua carreira.
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