No ar uma nuvem de poeira sufoca a vida no planeta, enquanto, no chão, os últimos sobreviventes da Terra tentam cultivar grãos de milho necessários para a sobrevivência humana. Interestelar — o filme futurista escrito e dirigido por Christopher Nolan — começa apresentando uma sociedade essencialmente agrária lutando para viver nos campos dos Estados Unidos.

E termina completando uma longa trajetória espacial passando por outras galáxias, atravessando buracos negros e paisagens espaciais de beleza avassaladora. A cotação do filme para várias categorias do Oscar do próximo ano é alta.

É essa interessante dicotomia que nos prende a indagações essenciais. “A humanidade nasceu na Terra, mas será que precisa morrer aqui?”, pergunta-se o ex-piloto da Nasa Cooper (Matthew McConaughey) em dado momento da projeção. Nolan agradará a boa parte da plateia com inúmeras sequências cinéticas inseridas na trama e com filosofia sobre a teoria da relatividade suficiente para ocupar nossos pensamentos por semanas.

Além disso, é hábil diretor de elenco — McConaughey, Anne Hathaway e Matt Damon estão irrepreensíveis no papel de exploradores espaciais em constante conflito moral e ético. No elenco numeroso figuram ainda Michael Cane, John Lithgow, Jessica Chainstain e Casey Afleck.



Mas, proporcionalmente, o britânico decepcionará boa parte dos fãs de sua grife de fitas calcadas em resolução de quebra-cabeças cinematográficos.

É o efeito inegável da cartilha do cinema comercial explicativo demais e feito para mexer com as emoções do público em demasia. Interestelar tem potencial para ser uma nova odisseia espacial como o filme de Stanley Kubrick se transformou ao longo dos anos.

Mas, comporta-se como uma nave com destino certo, rumo ao sucesso de bilheteria desta estação. A mensagem de urgente salvação do planeta Terra persiste. Mas o futuro do filme talvez tenha sido comprometido.