Com Regina Casé no elenco, Made in China quebra o politicamente correto
O desfecho preguiçoso, porém, tira muito do pique da fita; confira a crítirca
Ricardo Daehn
Publicação:07/11/2014 06:25
“Chinês é tipo gente” e “Tenho uma pena de estrangeiro”. A dobradinha de frases jocosas do longa de Estevão Ciavatta (diretor, produtor e roteirista, além de marido da estrela Regina Casé) quebra o politicamente correto que assola o mundo.
Na boca de Regina Casé, o que poderia chegar como insulto resulta em graça — e ela tem maestria quando encarna uma personagem como Francis, vendedora da loja do seu Nazir (Otávio Augusto), sempre atenta para contornar crises instaladas no comércio popular.
Crenças infundadas em torno da cultura alheia abastecem o riso do exemplar cinematográfico de subúrbio que, em momentos, faz lembrar Bendito fruto (2005). O filme carrega na malícia, em nada, ofensiva. O desfecho preguiçoso, porém, tira muito do pique da fita.
Duas perguntas Estevão Ciavatta
Sendo diretor de tevê, como você entende o diferencial, quando se fala em cinema?
Não economizei. Não medimos esforços para botar qualidade na cidade cenográfica, por exemplo. Não quero dar qualquer coisa para meu público. A linguagem e o encaminhamento do roteiro fogem do que a tevê aceitaria. Aqueles personagens existem, em todas as quadras daquele comércio. Só juntamos na mesma esquina. Alegre e despachada, a nossa protagonista não é de comédia romântica — ela nem mesmo quer se casar.
Por que você ressaltou que queria um ator negro em cena?
Queria fazer um filme multicultural, multicolorido. Coloquei em cena chineses, brancos, libaneses, uma mulata como a Juliana Alves e a Regina, que tem jeito de índia. Fiz também questão de colocar um personagem negro. Daí, optamos pelo Xande de Pilares, que está numa faixa etária em que ainda temos poucos atores. O elenco de Cidade de Deus ainda não envelheceu o suficiente. Dia desses, vi uma novela ambientada na periferia na qual não havia um negro em cena. Um absurdo.
Regina Casé dá vida a uma feirante bem-humorada em filme dirigido pelo marido
“Chinês é tipo gente” e “Tenho uma pena de estrangeiro”. A dobradinha de frases jocosas do longa de Estevão Ciavatta (diretor, produtor e roteirista, além de marido da estrela Regina Casé) quebra o politicamente correto que assola o mundo.
Na boca de Regina Casé, o que poderia chegar como insulto resulta em graça — e ela tem maestria quando encarna uma personagem como Francis, vendedora da loja do seu Nazir (Otávio Augusto), sempre atenta para contornar crises instaladas no comércio popular.
Saiba mais...
Uma espécie de espionagem industrial, em pleno centro comercial Saara, dá mote à obra em que o pretendente de Francis, Carlos Eduardo (Xande de Pilares), tenta descobrir o segredo da prosperidade dos concorrentes chineses. Crenças infundadas em torno da cultura alheia abastecem o riso do exemplar cinematográfico de subúrbio que, em momentos, faz lembrar Bendito fruto (2005). O filme carrega na malícia, em nada, ofensiva. O desfecho preguiçoso, porém, tira muito do pique da fita.
Duas perguntas Estevão Ciavatta
Sendo diretor de tevê, como você entende o diferencial, quando se fala em cinema?
Não economizei. Não medimos esforços para botar qualidade na cidade cenográfica, por exemplo. Não quero dar qualquer coisa para meu público. A linguagem e o encaminhamento do roteiro fogem do que a tevê aceitaria. Aqueles personagens existem, em todas as quadras daquele comércio. Só juntamos na mesma esquina. Alegre e despachada, a nossa protagonista não é de comédia romântica — ela nem mesmo quer se casar.
Por que você ressaltou que queria um ator negro em cena?
Queria fazer um filme multicultural, multicolorido. Coloquei em cena chineses, brancos, libaneses, uma mulata como a Juliana Alves e a Regina, que tem jeito de índia. Fiz também questão de colocar um personagem negro. Daí, optamos pelo Xande de Pilares, que está numa faixa etária em que ainda temos poucos atores. O elenco de Cidade de Deus ainda não envelheceu o suficiente. Dia desses, vi uma novela ambientada na periferia na qual não havia um negro em cena. Um absurdo.