Homens, mulheres e filhos discute sobre conflito cibernético de gerações
O diretor Jason Reitman simplifica questões atreladas ao excessivo uso da internet, num filme calibrado com irônicas críticas, mas sem o refinamento
Ricardo Daehn
Publicação:05/12/2014 06:06Atualização: 04/12/2014 13:34
Brotou da natural inteligência do norte-americano Carl Sagan, cientista e escritor que redimensionou a Terra como um mero “pálido ponto azul”, o pretensioso cerne do novo filme do diretor Jason Reitman. Com uma enorme rede de personagens, ele simplifica questões atreladas ao excessivo uso da internet, num filme calibrado com irônicas críticas, mas sem o refinamento de um Beleza americana. Ainda assim, é inegável a capacidade de surpreender e de conduzir atores do mesmo cineasta de Juno, Amor sem escalas e Obrigado por fumar.
No filme, Sandler toma por modelo hábitos juvenis do filho com hormônios em ebulição, rendido à pornografia cibernética. A entediada esposa de Don (personagem de Sandler), Helen (Rosemarie DeWitt), tem como meta “ser destruída” na cama.
Corpos à venda, num comércio virtual e emocional, desvinculado de prostituição direta, são questões tratadas pelo roteiro. Em certa medida, o filme de Jason Reitman extrapola o campo do jocoso manual de traições proposto. Sem muitos parâmetros ou orientação, jovens da fita como Allison (Elena Kampouris) se valem de existências com restrições extremas. Cultuando a magreza, ela se torna refém da bulimia.
Isolamento virtual
Entre outros desvios sociais, Tim (o idolatrado Ansel Elgort, de A culpa é das estrelas) não vê sentido em disputar esportes na escola, nutrindo a reação passiva (a mesma da dedicação aos joguinhos), frente a eventos importantes da vida. Numa das mais duras cenas, ele é bloqueado, no Facebook, pela mãe ausente. Interagindo na vida de verdade e “compartilhando” em termos reais, Tim ganha coragem para dividir a mesa de almoço com a tímida Brandy (Kaitlyn Dever). Um deslize positivo.
Alardeando a comunicação onipresente, Jason Reitman talvez se perca ao abrir muitas frentes de reflexão. A trama com a juvenil personagem Hannah (Olivia Crocicchia), que pretende ser uma celebridade, parece meio excessiva. Na cruzada por revelar mais vida para as pessoas, outro tropeço está na figura da insana mãe interpretada por Jennifer Garner. Odiável, criminosa e unidimensional, ela amputa parte da intenção do enredo: encorajar a revista de pais que gerenciem algo da privacidade dos filhos mais precoces.
Adam Sandler surpreende no papel do pai de um jovem problemático
Brotou da natural inteligência do norte-americano Carl Sagan, cientista e escritor que redimensionou a Terra como um mero “pálido ponto azul”, o pretensioso cerne do novo filme do diretor Jason Reitman. Com uma enorme rede de personagens, ele simplifica questões atreladas ao excessivo uso da internet, num filme calibrado com irônicas críticas, mas sem o refinamento de um Beleza americana. Ainda assim, é inegável a capacidade de surpreender e de conduzir atores do mesmo cineasta de Juno, Amor sem escalas e Obrigado por fumar.
Saiba mais...
Uma das grandes presenças na tela, por incrível que pareça, é Adam Sandler. Dotado de humanidade nunca explícita quando foi títere para roteiros de comédias óbvias, ele amolece os padrões de moralidade ao interpretar um homem traído pelo vício. No filme, Sandler toma por modelo hábitos juvenis do filho com hormônios em ebulição, rendido à pornografia cibernética. A entediada esposa de Don (personagem de Sandler), Helen (Rosemarie DeWitt), tem como meta “ser destruída” na cama.
Corpos à venda, num comércio virtual e emocional, desvinculado de prostituição direta, são questões tratadas pelo roteiro. Em certa medida, o filme de Jason Reitman extrapola o campo do jocoso manual de traições proposto. Sem muitos parâmetros ou orientação, jovens da fita como Allison (Elena Kampouris) se valem de existências com restrições extremas. Cultuando a magreza, ela se torna refém da bulimia.
Isolamento virtual
Entre outros desvios sociais, Tim (o idolatrado Ansel Elgort, de A culpa é das estrelas) não vê sentido em disputar esportes na escola, nutrindo a reação passiva (a mesma da dedicação aos joguinhos), frente a eventos importantes da vida. Numa das mais duras cenas, ele é bloqueado, no Facebook, pela mãe ausente. Interagindo na vida de verdade e “compartilhando” em termos reais, Tim ganha coragem para dividir a mesa de almoço com a tímida Brandy (Kaitlyn Dever). Um deslize positivo.
Alardeando a comunicação onipresente, Jason Reitman talvez se perca ao abrir muitas frentes de reflexão. A trama com a juvenil personagem Hannah (Olivia Crocicchia), que pretende ser uma celebridade, parece meio excessiva. Na cruzada por revelar mais vida para as pessoas, outro tropeço está na figura da insana mãe interpretada por Jennifer Garner. Odiável, criminosa e unidimensional, ela amputa parte da intenção do enredo: encorajar a revista de pais que gerenciem algo da privacidade dos filhos mais precoces.