Meio “criançola, zen e ingênua”, como descrita por Janette Dornellas, Cássia Eller ocupa todos os quadros do longa de Paulo Henrique Fontenelle. Despretensiosa, defendendo Por enquanto (de Renato Russo), Eller, no princípio, nem parece crente no potencial. Mas ele transborda sem indicação de endeusamento no documentário.

Até no amor, sacramentado na improvável maternidade e na multiplicidade de afetos em rearranjos familiares, Cássia se afirmou única.

Cássia é captada pelos rastros de provocação, de reconciliações e de quebras de paradigmas e hábitos (caso das drogas, por exemplo). Sem tom pegajoso, o diretor registra muitas contradições de Cássia que, tímida de carteirinha, era sedenta de interação com o público.

O diretor Paulo Henrique Fontenelle fica atento aos antídotos antimonotonia da retratada, afirmados em malandras traquinagens.