Indicado ao Oscar, Selma - Uma luta pela igualdade apresenta drama realista
Ambientado na década de 1960 nos Estados Unidos, o filme explora a oratória de Martin Luther King Jr. para contar a história de uma racial
"Seria o mesmo que distribuição de riqueza sem trabalho." Quem achar muito contemporânea a frase dita no longa Selma — Uma luta pela igualdade pode reavaliar: ela pontua o discurso retrógrado do governador do Alabama, George Wallace (Tim Roth), desencorajando supostas "regalias" para negros que batalhavam por direitos civis nos anos de 1960.
As "exigências" por nova formatação política presentes na incisiva oratória de Martin Luther King Jr. ganham peso com a experiência da diretora Ava Duvernay com documentários.
Intermediando, com plena articulação prática e pacifista, o fim para a segregação ilegal, Luther King (David Oyelowo, em vigorosa performance) mais do que se equipara à imponência do presidente americano, Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson, excepcional).
Aos poucos, o prêmio Nobel da Paz deixa entrever defeitos, que até fazem o personagem mais crível. No roteiro, em clima de Law & order, despontam tramoias de bastidores da ação do governo que chegou a tentar "desmantelar a família de King".
Outro acerto é o de não camuflar posturas extremadas: é chocante perceber ações odiosas do chefe do FBI, J. Edgar Hoover (Dylan Baker). A retidão do discurso inclusivo ofusca até pontuações panfletárias.