Confira os indicados a 87ª edição do Oscar que já estrearam em Brasília
Entre os destaque desta edição da premiação estão Birdman, Jogo da imitação e A teoria de tudo
Ricardo Daehn
Publicação:20/02/2015 08:00Atualização: 19/02/2015 16:57
A história da humanidade é cíclica e o universo paralelo de Hollywood não foge à regra. Com enredos que se repetem na preferência dos eleitores dos melhores filmes de 2014, a 87ª edição do Oscar será domingo, vale a pena a corrida às salas da cidade em busca de diversão com as credenciais do prêmio.
Firmada em temas de guerra, nos reflexos de injustiças sociais e no apelo das fortes caracterizações de personagens, além do charme dos pesquisadores e estudiosos retratados em filmes, a seleção do Oscar está em cartaz e em pé de disputa. No domingo, vencedores seguramente serão afirmados, já que, nos últimos 86 anos, só seis empates, em todas as categorias, foram computados.
No histórico da cerimônia, houve duas dobradinhas curiosas, com o mesmo número máximo de nove categorias que distinguem os atuais recordistas da edição, Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) e O grande Hotel Budapeste. De um lado, Gigi (1958) e O último imperador (1987) converteram em prêmio cada um dos nove indícios. Por outro, Pérfida (1941) e A caldeira do diabo (1957) amargaram perder cada uma das nove categorias.
No atual Oscar, Birdman é o amargo doce a ser avaliado. Ao mesmo tempo em que infla o ego da maior parcela dos votantes (os atores), tratando da Broadway e da vaidade, tem, em si, uma ácida crítica que espirra nos espectadores, ao questionar os excessos da sétima arte, dependente de explosões e da franquia de heróis. Também com nove indicações, O grande Hotel Budapeste tem uma peculiaridade, já que o indicado da melhor trilha sonora Alexandre Desplat concorre contra si mesmo, por O jogo da imitação.
Vida nas telas
Descontando o rico passado do prêmio, a preferência dos votantes do Oscar já indicou a satisfação por reconhecer performances de atores que encarnam personalidades. Abaixo, casos recentes:
Daniel Day-Lewis (Abraham Lincoln)
Meryl Streep (Margaret Tatcher)
Marion Cotillard (Edith Piaf)
Colin Firth (George VI)
Helen Mirren (Rainha Elizabeth)
Forest Whitaker (Idi Amin)
Reese Witherspoon (June Carter Cash)
Philip Seymour Hoffman (Truman Capote)
Cate Blanchett (Katharine Hepburn)
Diversidade vetada
Bem recentemente, os votantes do Oscar atribuíram prêmios de melhor ator para interpretações de ativistas em prol de melhores condições e reconhecimento de gays - ao dar estatuetas para Sean Penn (Milk) e Matthew McConaughey (Clube de compra Dallas). Daí, há pequena chance para que Benedict Cumberbatch, o talento mais vistoso de O jogo da imitação, possa converter em prêmio uma das cinco indicações às quais o longa está selecionado. Tratando de episódio da Segunda Guerra Mundial, o filme mostra como um homossexual, sem chances de se expor, conseguiu minimizar o tempo do conflito, ao criar um precursor dos computadores de hoje em dia. O objeto resulta em quebra de códigos de mensagens germânicas.
Nem tudo está perdido
Com apenas duas indicações ao Oscar, mesmo sendo uma de melhor filme, Selma - Uma luta pela igualdade promoveu entre os espectadores uma sensação de injustiça. Se vale de algum consolo, na categoria de melhor música, Glory (de John Stephens e Lonnie Lynn) não é azarão. Na última década, Diários de motocicleta, Ritmo de um sonho, Uma verdade inconveniente, Os Muppets e Apenas uma vez garantiram a mesma premiação, em condições ainda piores.
Só cabe a ele
Existe um feito limitado no pacote de indicados deste ano. A teoria de tudo - que versa sobre os bastidores da vida do cosmólogo e físico britânico Stephen Hawking - é o único longa credenciado a levar as estatuetas de melhor ator (Eddie Redmayne) e melhor atriz (Felicity Jones). Até hoje, o feito acompanha apenas sete casais da ficção, sendo o último caso vivido por Jack Nicholson e Helen Hunt (Melhor é impossível).
No topo, sem cerimônia
Não é que as prestigiadas atrizes do calibre de Meryl Streep e Marion Cotillard precisem desesperadamente de aprovação, mas vale dizer que, com as atuais indicações - respectivamente, por Caminhos da floresta e Dois dias, uma noite, ambas estão prestes a fazer história. Na 19ª indicação, a recordista Streep, pelo sugestivo musical da Disney, tem chances de fazer companhia à galeria que comprova o zelo dos votantes com personagens cantantes: os casos mais recentes são de Jeff Bridges, Catherine Zeta-Jones e Anne Hathaway, todos vencedores de Oscar. Já a francesa Cotillard tem tudo para superar o raríssimo caso de atriz premiada em papel não falado em inglês. Descontada a performance de Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona (com seus acessos de mistura de dois idiomas, o famoso espanglês), a francesa pode botar terra em Sophia Loren (vencedora em 1961): com o Oscar por Dois dias, uma noite, Cotillard embolsaria nada menos que o segundo prêmio da vida (depois de Piaf - Um hino ao amor).
Gringos na cerimônia
Nem sempre avaliada com a justa medida (os brasileiros que o digam), a categoria de melhor filme estrangeiro agrupa países que nunca ganharam (caso da Polônia, na décima indicação, com Ida) ou mesmo nunca competiram pelo Oscar (como as estreantes Estônia e Mauritânia, representadas por Tangerines e Timbuktu). Duas vezes premiada, a Argentina está lá, com Relatos selvagens, a absorvente narrativa anárquica de Damián Szifron. Já a Rússia (que apresenta Leviatã) se emparelha com os concorrentes, pelo fio de enredo central - uma situação idílica para personagens afetados por intervenções de guerra. Trata-se da 15ª indicação, considerada tanto Rússia quanto União Soviética. Da região já foram premiados com o Oscar: O sol enganador (1994), Moscou não acredita em lágrimas (1984), Dersu Uzala (1975) e Guerra e Paz (1968).
Birdman é um dos recordistas, com nove indicações
Firmada em temas de guerra, nos reflexos de injustiças sociais e no apelo das fortes caracterizações de personagens, além do charme dos pesquisadores e estudiosos retratados em filmes, a seleção do Oscar está em cartaz e em pé de disputa. No domingo, vencedores seguramente serão afirmados, já que, nos últimos 86 anos, só seis empates, em todas as categorias, foram computados.
No histórico da cerimônia, houve duas dobradinhas curiosas, com o mesmo número máximo de nove categorias que distinguem os atuais recordistas da edição, Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) e O grande Hotel Budapeste. De um lado, Gigi (1958) e O último imperador (1987) converteram em prêmio cada um dos nove indícios. Por outro, Pérfida (1941) e A caldeira do diabo (1957) amargaram perder cada uma das nove categorias.
No atual Oscar, Birdman é o amargo doce a ser avaliado. Ao mesmo tempo em que infla o ego da maior parcela dos votantes (os atores), tratando da Broadway e da vaidade, tem, em si, uma ácida crítica que espirra nos espectadores, ao questionar os excessos da sétima arte, dependente de explosões e da franquia de heróis. Também com nove indicações, O grande Hotel Budapeste tem uma peculiaridade, já que o indicado da melhor trilha sonora Alexandre Desplat concorre contra si mesmo, por O jogo da imitação.
Vida nas telas
Descontando o rico passado do prêmio, a preferência dos votantes do Oscar já indicou a satisfação por reconhecer performances de atores que encarnam personalidades. Abaixo, casos recentes:
Daniel Day-Lewis (Abraham Lincoln)
Meryl Streep (Margaret Tatcher)
Marion Cotillard (Edith Piaf)
Colin Firth (George VI)
Helen Mirren (Rainha Elizabeth)
Forest Whitaker (Idi Amin)
Reese Witherspoon (June Carter Cash)
Philip Seymour Hoffman (Truman Capote)
Cate Blanchett (Katharine Hepburn)
Benedict Cumberbatch tem poucas chances de vitória por O jogo da imitação
Diversidade vetada
Bem recentemente, os votantes do Oscar atribuíram prêmios de melhor ator para interpretações de ativistas em prol de melhores condições e reconhecimento de gays - ao dar estatuetas para Sean Penn (Milk) e Matthew McConaughey (Clube de compra Dallas). Daí, há pequena chance para que Benedict Cumberbatch, o talento mais vistoso de O jogo da imitação, possa converter em prêmio uma das cinco indicações às quais o longa está selecionado. Tratando de episódio da Segunda Guerra Mundial, o filme mostra como um homossexual, sem chances de se expor, conseguiu minimizar o tempo do conflito, ao criar um precursor dos computadores de hoje em dia. O objeto resulta em quebra de códigos de mensagens germânicas.
Nem tudo está perdido
Com apenas duas indicações ao Oscar, mesmo sendo uma de melhor filme, Selma - Uma luta pela igualdade promoveu entre os espectadores uma sensação de injustiça. Se vale de algum consolo, na categoria de melhor música, Glory (de John Stephens e Lonnie Lynn) não é azarão. Na última década, Diários de motocicleta, Ritmo de um sonho, Uma verdade inconveniente, Os Muppets e Apenas uma vez garantiram a mesma premiação, em condições ainda piores.
Eddie Redmayne vive o físico Stephen Hawking em A teoria de tudo
Só cabe a ele
Existe um feito limitado no pacote de indicados deste ano. A teoria de tudo - que versa sobre os bastidores da vida do cosmólogo e físico britânico Stephen Hawking - é o único longa credenciado a levar as estatuetas de melhor ator (Eddie Redmayne) e melhor atriz (Felicity Jones). Até hoje, o feito acompanha apenas sete casais da ficção, sendo o último caso vivido por Jack Nicholson e Helen Hunt (Melhor é impossível).
No topo, sem cerimônia
Não é que as prestigiadas atrizes do calibre de Meryl Streep e Marion Cotillard precisem desesperadamente de aprovação, mas vale dizer que, com as atuais indicações - respectivamente, por Caminhos da floresta e Dois dias, uma noite, ambas estão prestes a fazer história. Na 19ª indicação, a recordista Streep, pelo sugestivo musical da Disney, tem chances de fazer companhia à galeria que comprova o zelo dos votantes com personagens cantantes: os casos mais recentes são de Jeff Bridges, Catherine Zeta-Jones e Anne Hathaway, todos vencedores de Oscar. Já a francesa Cotillard tem tudo para superar o raríssimo caso de atriz premiada em papel não falado em inglês. Descontada a performance de Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona (com seus acessos de mistura de dois idiomas, o famoso espanglês), a francesa pode botar terra em Sophia Loren (vencedora em 1961): com o Oscar por Dois dias, uma noite, Cotillard embolsaria nada menos que o segundo prêmio da vida (depois de Piaf - Um hino ao amor).
Gringos na cerimônia
Nem sempre avaliada com a justa medida (os brasileiros que o digam), a categoria de melhor filme estrangeiro agrupa países que nunca ganharam (caso da Polônia, na décima indicação, com Ida) ou mesmo nunca competiram pelo Oscar (como as estreantes Estônia e Mauritânia, representadas por Tangerines e Timbuktu). Duas vezes premiada, a Argentina está lá, com Relatos selvagens, a absorvente narrativa anárquica de Damián Szifron. Já a Rússia (que apresenta Leviatã) se emparelha com os concorrentes, pelo fio de enredo central - uma situação idílica para personagens afetados por intervenções de guerra. Trata-se da 15ª indicação, considerada tanto Rússia quanto União Soviética. Da região já foram premiados com o Oscar: O sol enganador (1994), Moscou não acredita em lágrimas (1984), Dersu Uzala (1975) e Guerra e Paz (1968).