Documentário Nostalgia da luz traz período da ditadura chilena
O longa mostra a fase pacífica e de guerra na história do país
Ricardo Daehn
Publicação:13/03/2015 06:03
Estagnado pela falta de identificação de um passado que teve a democracia desfigurada pela irrupção da ditadura, o Chile do documentário Nostalgia da luz permanece à deriva. Sem compactuar com pretensões de enquadrar a realidade, o diretor Patricio Guzmán cumpre o papel de "transmissor da história" de maneira poética.
Com depoimentos contundentes - "Somos a lepra do Chile", ressalva uma das Mulheres de Calama, grupo que vasculha o deserto atrás de corpos de familiares mortos na ditadura -, Nostalgia da luz não perde de vista o recorte, muitas vezes, poético.
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A partir da clara lembrança de uma época em que presidentes andavam sem escolta e que o Chile gozava de um "período de paz, isolado do mundo", o cineasta recorre ao presente para escavar, como um geólogo, as incertezas de um passado enterrado às pressas, sem o zelo ou a consideração do luto.Com depoimentos contundentes - "Somos a lepra do Chile", ressalva uma das Mulheres de Calama, grupo que vasculha o deserto atrás de corpos de familiares mortos na ditadura -, Nostalgia da luz não perde de vista o recorte, muitas vezes, poético.
Com áurea de ruínas quase mitológicas, para um passado tão recente, o diretor extrai momentos ímpares da vida do arquiteto Miguel Lawner, que guardou milimétrica memória do Campo de concentração de Chacabuco, das dores de Vicky Saavedra (que teve que se contentar com o reencontro do "pé" do irmão) e do arqueólogo Lautaro Núñez, que contrasta desenvolvimento material e absoluta pobreza cultural.
Confira o trailer de Nostalgia da luz: