Quando nas cenas iniciais de Ricki and the flash — de volta para casa, Meryl Streep começa a cantar American girl, de Tom Petty, e a empunhar de forma um pouco desajeitada sua guitarra Fender Stratocaster, é inevitável a sensação de que, finalmente, a atriz vencedora de três Oscars tenha encontrado um papel que vá além das suas habilidades. Essa impressão, no entanto, não demora a se mostrar enganosa.

 

Dirigido e escrito por dois profissionais agraciados com o Oscar (Jonathan Demme, de O silêncio dos inocentes e Filadélfia, e Diablo Cody, de Juno), Ricki and the flash poderia ser mais um típico dramalhão familiar, não fosse o costumeiro excelente trabalho de Meryl Streep, que realmente canta e toca o instrumento. Ela dá vida a Linda, mulher que largou o marido e os três filhos na pacata Indianápolis em busca de se tornar uma estrela do rock.

 

 

O reencontro com a família, motivado pela crise que sua filha Julie (Mamie Gummer, filha de Streep na vida real) passa após ser abandonada pelo marido, expõe os contrastes entre o atual estilo de vida de ambos e traz à tona velhos sentimentos.

 

Além  da presença sempre marcante de Meryl Streep, complementada por um elenco competentíssimo, que vai desde Kevin Kline no papel do ex-marido, à grata surpresa que é o roqueiro Rick Springfield, a fita agrada pela trilha sonora, com alguns dos nomes mais emblemáticos do rock dos anos 1970 e 1980 e impagáveis interpretações de sucessos contemporâneos de Lady Gaga e Pink.