Dheepan- O refúgio dialoga com a dura realidade das ruas francesas
Longa do diretor Jacques Audiard acompanha a vida de refugiados indianos
Ricardo Daehn
Publicação:20/11/2015 07:00Atualização: 19/11/2015 14:22

O elenco é um dos destaques do filme de Jacques Audiard
Existe um triste alinhamento entre a realidade das ruas da França atual e o cinema cru, característica constante na carreira do cineasta Jacques Audiard, criador da dramaturgia vista em Dheepan. Vindo de um plano de guerra, o ator Jesuthasan Anthoythasan vive o papel-título ao tentar o aculturamento de uma família toda composta por membros postiços, arregimentados em área bélica dominada pela cultura tâmil, que se estende entre a Índia e o Sri Lanka.
Em fuga da brutalidade da guerra, Dheepan se junta com a desconhecida Yalini (Kalieswari Srinivasan) e a garota Illayaal (Claudine Vinasithamby) para conseguir o visto de permanência na França e passaporte.
Numa vida de privações relativas, passa a ser o zelador de bairro suburbano no qual, muitas vezes, é completamente ignorado pelos condôminos. O crescimento material de Yalini, por exemplo, até anda parelho com certa tranquilidade espiritual do falso grupo familiar, que ultrapassa status de mera sobrevida, finalmente, vivendo.
Enquanto a pretensa “filha” do casal busca novos horizontes de afirmação, ela igualmente se ressente da necessidade de um real amparo de estrutura doméstica. A marca do duro cineasta de O profeta (2009), que tratava da realidade carcerária, e de Ferrugem e osso (2012), com personagens fisicamente limitados, transparece no lado B de Dheepan.
Cenas que impressionam acompanham o refugiado que passa a administrar uma arena, um real campo de batalha, quando a violência é reacendida no novo bairro. Na pele do empreendedor de negócios escusos Brahim, o ator Vincent Rottiers (de Renoir) também carrega numa boa interpretação.
Confira as sessões de Dheepan- O refúgio aqui.