Táxi Teerã, vencedor do Urso de Ouro, chega ao Brasil
Limite entre ficção e realidade é testado pelo cineasta iraniano Jafar Panahi
Ricardo Daehn
Publicação:20/11/2015 07:00Atualização: 19/11/2015 14:29
Ações de criminosos são debatidas, sem pretensões teóricas, em frente às câmeras no filme Táxi Teerã, vencedor do Urso de Ouro no último Festival de Berlim. Impedido de se realizar na profissão de cineasta, o diretor do filme, Jafar Panahi, já foi preso pela afronta aos códigos de censura do Irã. Discutindo moralidade, Panahi cria um filme que serve como denúncia, regado a ideais de recreação e poesia.
Limites entre ficção e realidade são testados com o próprio diretor conduzindo um táxi. Mesmo sentado o tempo inteiro, Panahi se mostra longe de confinamento, por exercer uma arte generosa e bem-humorada, sem resquícios de um criador que já fez greve de fome em sinal de protesto.
A sobrinha do diretor, Hana, menina ranzinza e falastrona, é quem exalta limites para o cinema aceito no Irã: nada de violência registrada, abolição de temas políticos e econômicos e expressão de valores positivos.
O diretor revela sua popularidade, como voz que desacata parte destes preceitos e macula parte da “decência islâmica”. Mesmo com irritante celular em punho, que não dá trégua enquanto Jafar dirige, o diretor conduz mais do que bem: mantém o interesse, e com uso de uma imagem de rosa, reitera a singeleza de seu belo cinema.
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