Antes de ser o queridinho do Festival de Cannes com oito participações no evento, o ator Louis Garrel sempre teve uma formação cinematográfica em casa, até por ser filho de atriz e de um diretor consagrado como Phillippe Garrel. Em Dois amigos, primeira incursão por trás das câmeras, Cannes soube valorizar o Garrel cineasta, talentoso a ponto de integrar a Semana da Crítica.

 

Na trama do filme, que parte de uma peça teatral criada por Alfred de Musset, uma dupla cheia de afinidade, formada por Abel (Garrel) e Clément, interpretado por Vincent Macaigne (Dois outonos e três invernos), passa a atuar com mais afinco em modalidades amorosas. Como numa jornada de Cyrano de Bergerac (o poeta de belas palavras, sem equivalência na aparência), Clément é inseguro e depende da intermediação do colega para conquistar a misteriosa Mona (feita pela ex-namorada de Garrel, na vida real, Golshifteh Farahani).

 

Na linha do esperado, o sedutor Abel interfere sem freios na vida de Clément e chega a literalmente dirigir a conquista do amigo, numa hilária cena de desocupação de um vagão, em que Golshifteh (conhecida por À procura de Elly) brilha. O pequeno escândalo, na cena, nem de longe se aproxima do estrondo na vida da atriz iraniana Golshifteh, desautorizada à expressão no país de origem.

 

Daí a importância de tratar o filme à parte, já que a personagem ganha outra conotação, principalmente em cenas delicadas e pertinentes como aquela em que assume o desejo carnal por Abel ou apenas quer se libertar, por meio de uma dança.

Com roteiro trabalhado por Garrel junto com o usual parceiro Christophe Honoré, Dois amigos é daquelas diversões ligeiras, mas nem por isso, desprezíveis.

Confira as sessões de Dois amigos aqui.