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26/ABR/2024

Cinebiografia de Dalton Trumbo peca pelo roteiro com linguagem televisiva, mas segura nas atuações

Bryan Cranston foi indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo trabalho como protagonista

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Ricardo Daehn Publicação:29/01/2016 07:00Atualização:28/01/2016 19:03

 (Hilary Bronwyn Gayle/Divulgação)

 

Uma trama de reparação de erros sociais, em que não há definição explícita de heróis e vilões — “mas apenas vítimas”, nas palavras do protagonista — se desenha ao longo de Trumbo, dirigido por Jay Roach. O longa inspirado na biografia de Dalton Trumbo, autor de Johnny vai à guerra e de belos roteiros hollywoodianos, trata de intimidação e de comportamentos reles.  No longa, há concentração de episódios da vida dele, entre as décadas de 1940 e 1970.


Vaidoso e exigente, pelos ideais, Trumbo dividia o mundo entre aliados e inimigos e chegava a excessos como o de detectar até “insurreição familiar” entre os próprios parentes. Pena que o roteiro seja linear, com estrutura algo televisiva e sem as reentrâncias ou a dubiedade do protagonista. O medo da “dominação” comunista, disseminado por comissão governamental americana até meados dos anos de 1970, é um dos personagens do filme que renderam a Bryan Cranston (da televisiva Breaking bad) indicação ao Oscar de melhor ator.


A tentativa de retirada do livre-arbítrio no campo dos pensamentos, arquitetada em especial pelo senador Joseph McCarthy, e que foi endossada por figuras como John Wayne e Ronald Reagan, é denunciada pelo filme. Apartado das motivações corriqueiras de Hollywood (“sexo e dinheiro”, como ressalta um personagem), Trumbo é escantilhado da indústria, perseguido como traidor. Anônimo, passou a retrabalhar roteiros tidos como defeituosos, além de engendrar um esquema multiplicador de trabalhos junto à indústria do cinema, na clandestinidade.


Quem dá muito brilho ao filme, claro,  com Bryan Cranston, é Helen Mirren, dona do ótimo retrato da asquerosa e intriguenta Hedda Hooper, jornalista ardilosa e manipuladora, nos bastidores. Sem a mesma relevância, nas telas, pipocam representações de personalidades como Otto Preminger e Kirk Douglas.


Exemplar, no quesito versatilidade, o cineasta de comédias como Entrando numa fria oferece, por fim, drama digno que revitaliza o interesse por clássicos roteirizados por Trumbo, do porte de A princesa e o plebeu e Spartacus. Além disso, não deixa de ser curioso ver Cranston disputando o mesmo Oscar que, por anos, marginalizou Trumbo, um sobrevivente, pelo uso de pseudônimos e tutano.

 

Confira as sessões do filme Trumbo aqui

 

 

 

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