'Brooklin' seduz público com sutileza
Roteiro de Nick Hornby combina ruptura cultura e perda de inocência
Ricardo Daehn
Publicação:12/02/2016 07:00
Cena de Brooklin: um filme singelo que seduziu Hollywood
Num andamento cíclico, o tempo passa, mas histórias se repetem: há 32 anos, a atriz Julie Walters recebia a primeira indicação ao Oscar, por O despertar de Rita, que tratava da aculturação de uma moça. Agora, quem está sob holofotes da estatueta é Saoirse Ronan (Desejo e reparação), candidata a melhor atriz, num filme em que recebe dicas de Walters, muito divertida em cena.
Recatada, complacente e caridosa, Ellis, a protagonista de Brooklin, é apegada a raízes familiares irlandesas e a hábitos calmos e civilizados; valores em algo diferenciados para a Nova York em que ela opta por morar, como imigrante, nos anos de 1950. Com o coração gradativamente “a meio caminho do mar”, e longe do rigor social, Ellis desabrocha pelas lentes do diretor John Crowley.
Fator louvável é ele respeitar o tempo de cada olhar, nas interpretações de atores como Emory Cohen e Domhnall Gleeson, ambos escalados, num milagre que acompanha Ellis: a multiplicação de pretendentes.
Singelo, o filme, candidato a melhor do ano (no Oscar) e despido de eventos grandiosos, em muito se vale do roteiro assinado pelo autor inglês Nick Hornby. A exemplo de seu empenho, em Livre (2014) e Educação (2009), Horby combina dados como ruptura cultural, perda de inocência e julgamentos morais à raridade (nos dias de hoje) de uma trama que fala de moderação de comportamentos e da bela intimidade, de uma época das danças de rosto colado.
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