'A ovelha negra' tem mérito por roteiro original e bela fotografia
Em longa da Islândia, virose ameaça todo o rebanho de ovelhas de uma vila
Ricardo Daehn
Publicação:19/02/2016 06:40Atualização: 18/02/2016 17:16

Fotografia e roteiro são os destaques do drama que tentou vaga entre os indicados ao Oscar
Em tempos de zika vírus e afins, fica fácil assimilar a importância do enredo do raro exemplar da cinematografia da Islândia: uma virose ameaça todo o rebanho de ovelhas de uma pacata vila de paisagens deslumbrantes. A perspectiva é desalentadora e tradições pecuárias parecem por um fio.
Pré-selecionado para a vaga, não conquistada, para o Oscar de melhor filme estrangeiro, o longa de Grímur Hákonarson ganhou projeção pela conquista da mostra Um certo olhar, em Cannes. Além da fotografia belíssma, A ovelha negra tem por mérito a originalidade do roteiro.
Os irmãos Gummi (Sigurour Sigurjonsson) e Kiddi (Théodor Júlíussum) estão arraigados a velhos hábitos, inclusive o de se esquivarem de interação. Tal qual na historieta da grama mais verde do vizinho, orgulho e inveja persistem e, há mais de 40 anos, os irmãos se afundam em isolamento.
Imagens e preocupações incomuns — entre as quais ancas e o porte dos animais em xeque — se alastram no filme, reclamando alguma porção de tragicomédia. Sondando temas como a fraternidade e resistência à mudança, Hákonarson cumpre o dever de entreter, com filme habilitado a emocionar pela trama desenvolvida sob medida para apagar ressentimentos.
Confira as sessões de A ovelha negra aqui.