Quem levará o Oscar? Correio analisa indicados aos maiores prêmios da noite
De filmes intimistas como 'Brooklin' e 'O quarto de Jack' a grandes produções como 'O regresso' e 'Mad Max: Estrada da fúria', a disputa está acirrada
Ricardo Daehn
Publicação:26/02/2016 06:30Atualização: 25/02/2016 16:17
Os prêmios serão entregues no domingo 28
Na leva dos filmes que encabeçam a indicação principal ao Oscar de melhor filme, os títulos com lançamentos mais antigos podem ser revistos em casa, todos com edição em DVD. É o caso de Ponte dos espiões, Perdido em Marte e Mad Max: Estrada da fúria. Os outros cinco concorrentes ainda podem ser conferidos nos cinemas.
Pequeno grande filme
O Oscar tradicionalmente elege um longa de menor calibre e de distribuição em menor escala para garantir o selo de arte associado ao prêmio. Neste ano, na mesma linha dos anteriores Philomena, Nebraska e Boyhood. O quarto de Jack foi o eleito, faturando indicações ainda para a direção e para a protagonista Brie Larson. Candidata ainda ao melhor roteiro adaptado, a fita conta a readaptação no mundo de uma mãe e o filho dela, passados anos de confinamento num exíguo quarto.
Coração partido
Nos últimos cinco anos, profundas histórias de amor chamaram a atenção no Oscar, mas verdade seja dita: as tintas não foram das mais coloridas em filmes como Ela, Amor; O lado bom da vida; e Namorados para sempre. Agora, com Brooklin, há um sopro luminoso na história (concorrente a roteiro adaptado) da irlandesa Ellis (a sensível e indicada Saoirse Ronan) que, imigrante, sente o coração dividido entre dois continentes.
Jornada solitária
Desde 2000, jornadas individuais da envergadura de O regresso (recordista de 2016, com 12 possibilidades de prêmios) não são tão comuns, quando lembramos apenas de um punhado delas (Gravidade, As aventuras de Pi e O pianista). Visceral, o novo longa autoral de Alejandro González Iñárritu tem dimensão agigantada, ao tratar das dores de um personagem (Leonardo DiCaprio) posto à prova, entre ursos e uma natureza selvagem. Do coadjuvante Tom Hardy a quesitos técnicos (montagem, edição de som e uso de efeitos visuais) fica difícil não notar excelência. Com figurinos, maquiagem e direção de arte, a primorosa direção de fotografia de Emmanuel Lubezki pode dar o terceiro prêmio consecutivo ao fotógrafo.
De batinas e pecados
Com interpretações potentes dos coadjuvantes indicados Mark Ruffalo e Rachel McAdams, o longa Spotlight — Segredos revelados, candidato por direção e montagem, traz roteiro original (também indicado) que mexe em barril de pólvora, ao responsabilizar a Igreja por casos de pedofilia. Na aritmética, a soma vem da escola de fitas de teor jornalístico indicadas (entre as quais Frost/Nixon, Tudo pelo poder e Boa noite e boa sorte) com a exposição de casos de abuso infantil, olhados com coragem pela Academia, haja vista filmes como Um olhar do paraíso (2009), Dúvida (2009) e Pecados íntimos (2006).
O peso de bons atores e o Brasil
Representantes de narrativas clássicas, a dupla de longas-metragens Carol e A garota dinamarquesa cria oportunidade de premiação para dois duos de atores, pela ordem, Cate Blanchett e Rooney Mara, e Eddie Redmayne e Alicia Vikander. Na mesma condição, de filme com trama contada de modo convencional, Bryan Cranston compete a melhor ator, pelo protagonista de Trumbo.
Na categoria de melhor filme estrangeiro concorrem O lobo do deserto, O filho de Saul e O abraço da serpente. Apartado dessa disputa, o cineasta brasileiro Alê Abreu resplandece, na disputa de melhor animação, com O menino e o mundo, dono de expressividade universal.