'Decisão de risco' supera os vícios de filmes de guerra e traz bom roteiro
O filme de Gavin Hood é o último do ator Alan Rickman, que interpreta o General Benson
Ricardo Daehn
Publicação:08/04/2016 06:10Atualização: 07/04/2016 14:07
Helen Mirren vive uma coronel dedicada a operações importantes
Um filme que coloca crianças, involuntariamente, no meio de calculadas e perversas ações militares teria tudo para incorrer em dramalhão. Dado o talento do cineasta Gavin Hood que, há 10 anos, concorreu ao Oscar representando a África do Sul com Tsotsi — Infância roubada, um brusco desvio da rota sentimental é percebido. Citando o pensador Ésquilo, numa conjuntura de guerra, o diretor abre o filme, sem aliviar lados em conflito: “A verdade é a primeira vítima”.
Decisão de risco é contundente na análise da imperiosa caçada a muçulmanos ocidentais, radicais, em ações terroristas. Inúmeras conexões que partem de Las Vegas alcançam o Reino Unido e contemplam ainda Pearl Harbor e a zona conhecida como Parklands, no Quênia. Desmantelar a complexidade de iminentes ataques feitos por organizada célula formada na África toma seis anos do interesse da coronel Katherine Powell (Helen Mirren).
No último filme do ator Alan Rickman (que interpreta o general Benson), prevalece um estudado campo de operações preventivas, montado para operar na legalidade. Entre artimanhas, consultas internacionais e ação propriamente dita, Decisão de risco não idealiza facções nem elementos de dicotomia. A bem da verdade, o “inimigo” não é consultado, estabelecido um distanciamento que o coloca como mero vulto.
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Em nível de caos superam O suspeito (outro título explosivo de Gavin Hood, em 2007), o novo longa aprimora a complexidade de registros de manobras (e de responsabilizações) incutidas num esquema pró-libertação mundial. Capturar nuances de todos os ângulos da ação é a grande cartada do diretor que emprega drones e frieza na narrativa. Ma nipular estimativas de risco para inocentes de zonas de risco (dado uso de mísseis) é um dos elementos usados no filme de refinado roteiro. De quebra, há uma comovente interpretação de Aaron Paul (Breaking bad) como o militar Steve Watts, de índole incompatível com a frieza da guerra.