Traição conjugal e últimos desejos são ingredientes do filme de Carlos Vermut
"A garota de fogo" tem despojamento visual graças à veia de ilustrador do cineasta
Nem mesmo os consagrados diretores dinamarqueses Bille August e Susanne Bier, ou ainda o celebrado francês François Ozon conseguiram desbancar o brilho do cineasta espanhol Carlos Vermut que, no Festival de San Sebastián, faturou prêmios de melhor filme e direção, pelo longa A garota de fogo. Traição conjugal e últimos desejos de uma menina moribunda dão caldo para a trama.
Com título emprestado de música do compositor popular Manolo Caracol, Carlos Vermut dirige um filme cercado por denso mistério. Abertamente elogiado pelo colega de profissão Pedro Almodóvar, Vermut projeta a obscuridade do cinema do chileno Alejandro Jodorowsky, além de verter algo da intrigante pegada de Buñuel.
Além do roteiro inusitado, A garota de fogo traz despojamento visual incomum, herdado da vocação de ilustrador do cineasta ainda trintão. Premiada melhor atriz, na disputa pelo respeitado Goya, Bárbara Lennie (vista em A pele que habito) interpreta Bárbara, acidentalmente, envolvida pelo desempregado Luis (Luis Bermejo, de Días de fútbol). Entre eles, fica interposta uma rede de sexo brutal e um senhor de comportamento bem imprevisível (José Sacristán).