Maravilhoso Boccacio aposta em um estilo paciente de cinema
Movendo-se sobre cinco obras do autor italiano, longa brinca com casamentos arranjados, amores proibidos tipos bufões
Vibrando, nos bastidores, com a beleza dos jovens e com o uso de libertadores espaços abertos, os oitentões cineastas Paolo e Vittorio Taviani concorreram, na reconhecida instância do prêmio David di Donatello, apenas em categorias técnicas, no mais recente filme que dirigiram. Mas, de fato, o que isso importa?
Mesmo na trilha de um cinema operístico, os irmãos mantêm, sob medida, o que tem relevância: o comando das carnudas histórias saídas da literatura de Giovanni Boccaccio e adaptadas para as telas. “A paciência é dos velhos”, enfatiza um dos personagens da trama. O cinema dos Taviani bem corresponde ao dito.
Julgamentos de conduta social, reflexos éticos, pilares das artes e uma sensualidade comedida são avolumados em Maravilhoso Boccaccio. No filme, estão dispostas cinco obras do célebre autor italiano que, no século 14, criou O Decamerão.
Camponeses agitados com a alastrada ameaça da peste negra dão estofo ao filme. Mas o temor é contornado pela inventividade: eles compartilham as experiências de narrativas orais, comentando histórias que oprimem a visão da morte. Casamentos arranjados, amores proibidos e tipos bufões contagiam os espectadores.
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