Santiago Mitre estreia longa com personagem radicalmente interiorizado
Dolores Fonzi se destaca na interpretação do papel principal
Ricardo Daehn
Publicação:17/06/2016 06:06Atualização: 16/06/2016 18:38
A interpretação como Paulina rendeu vários prêmios a Dolores Fonzi
Há redenção possível, num crime que, embora não mate, deixe vestígios permanentes numa vítima? O tema espinhoso é objeto quase de estudo para o diretor portenho Santiago Mitre, mais conhecido como coautor de roteiros como Leonera, Abutres e Elefante branco. Mitre já havia desenvolvido trama com personagem interiorizado, em O estudante (2011) e radicaliza a postura, com Paulina.
Estrela absoluta do longa, a atriz Dolores Fonzi (Truman e O crítico) vive uma jovem formada em direito que desenvolve um duro impasse que vai de encontro a normas sociais. Determinada, ela desfia perdão e desafia a postura convencional adotada pelo pai dela, juiz interpretado pelo ótimo Oscar Martínez (Relatos selvagens).
A primeira cena, longa e algo teatral, serve para a afirmar as divergências entre ambos, acentuadas ao extremo, quando Paulina se define pela carreira, como educadora, em realidade árdua, na interiorana Posadas, divisa entre Argentina e Paraguai.
Discutindo aspectos de uma inquebrantável reação emocional de Paulina, frente a um drama inesperado, o diretor Santiago Mitre é incisivo na abordagem de dados em torno de violência e feminismo.
Veja aqui as sessões do filme.
Na décima premiação da Academia de Cinema Argentino, Fonzi foi destacada melhor atriz, numa atuação que impressiona e coloca a protagonista em permanente julgamento dos espectadores. Não é a vítima à frente de simplório martírio.