Simbolismo e impacto são o forte de 'Mãe só há uma'
Após dirigir 'Que horas ela volta?', Anna Muylaert acerta com elenco e diferentes técnicas de filmagem
Alexandre de Paula- Especial para o Correio
Publicação:22/07/2016 06:01
A força da interpretação do estreante Naomi Nero chama a atenção no filme
Com o peso da aclamação de Que horas ela volta?, a diretora Anna Muylaert optou por um filme com orçamento mais modesto (R$ 1,5 milhão, um terço do anterior) e mais experimental. Se a expectativa for ver algo com a mesma forma convencional do longa anterior, ela será quebrada.
Em Mãe só há uma, Muylaert apresenta Pierre (Naomi Nero), garoto que descobre que a mulher que o criou por toda a vida não é mãe dele e que ele foi roubado ainda na maternidade. Com trama inspirada livremente no caso Pedrinho, Pierre é obrigado a aceitar a nova realidade, com uma família diferente.
É da ruptura total que a cineasta apresenta a busca do garoto por uma identidade. As questões de gênero também aparecem, já que Pierre prefere roupas femininas e se relaciona com pessoas dos dois sexos, sem se definir. A intensa interpretação do novato Naomi Nero dá força ao personagem.
O elenco é, de fato, um acerto. Matheus Nachtergaele é surpreendente e forte, como um pai “machão” e tradicionalista. Dani Nefussi também se sai bem ao representar as duas mães do garoto.
Veja as sessões de Mãe só há uma.
De maneira diferente de Que horas ela volta?, Muylaert dá um passo atrás para colocar o pé um pouco na lama e deixar a câmera na mão. E funciona. Mãe só há uma tem uma força que o anterior não tem e é capaz de cenas simbólicas e impactantes, como as discussões entre o personagem de Nachtergaele e Naomi deixam claro.