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Com protagonista apagado, 'Ben-hur' não empolga

Remake do clássico de 1959 traz o ator Rodrigo Santoro no papel de Jesus Cristo

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Ricardo Daehn Publicação:19/08/2016 06:15Atualização:18/08/2016 15:37
Rodrigo Santoro vive um Jesus Cristo emocionante (Philippe Antonello/ Paramount Pictures)
Rodrigo Santoro vive um Jesus Cristo emocionante
 
Mais liberto e bastante ativo, o novo Ben-Hur, com papel-título interpretado pelo inglês Jack Huston, não guarda um filete de semelhança com o personagem-título de Charlton Heston, no clássico de 1959. Desde a estrutura da fita, agora reformulada pelo diretor cazaque Timur Bekmambetov, muito se perde, já que o novo longa, que tem participação de Rodrigo Santoro na pele de Jesus Cristo, tem apertada a duração para apenas duas horas, enquanto o clássico de William Wyler desenvolvia a trama em pouco menos do que quatro horas.
 
Nas batalhas pela vida, entre o Mar Jônico e uma onda de opressão imposta por Roma, Ben-Hur se perde com o ínfimo carisma de Huston em cena. Se, na trama, o príncipe tornado escravo compete com o irmão adotivo Messala; nas telas, a disputa é pela pouca vivacidade impressa por Huston e Toby Kebbell, encarregado de viver Messala. Algo (mas muito pouco) do recente Mad Max, porém, se derrama na aventura que carrega um tom grandiloquente.
 
 
 
O texto exageradamente objetivo e —  por vezes, declamado —  pouco ajuda, com direito a passagens como “Tornei-me puro ódio” e “ódio e medo são mentiras”. Alguma expectativa vem a ser cultivada pelo espectador, com o mote do instinto de sobrevivência esparramado entre os personagens.
 
Já as relações amorosas não ganham relevância e, menos ainda, qualquer credibilidade. Esther (Nazanin Boniadi), a mulher de Ben-Hur, vem apagada e com ares de aparição. Bem mais sólida é a interdição de Rodrigo Santoro, um Cristo de honesta sensibilidade e emocionante, em cenas como a da singela compaixão proporcionada pela oferta de mero copo de água.
 
Impunidade, injustiça e sedução (um tema atual, dada a exaltação no mundo globalizado) até são discutidos, mas nunca aprofundados num Ben-Hur que segue uma temática mais espiritualista, confluente com a noção de acolhimento e segurança familiar.
 
Confira as sessões desse filme em 2D e 3D
 
Com começo bizarro e uma péssima narração inicial, como estratégia de contextualizar a trama, Ben-Hur suga bem um lado kitsch e atualizado de ação que compreende as complexas e depuradas cenas (antes, clássicas) das agitações em galés e bigas. Uma renovação anêmica e apressada para um material cativante, em 1959.

Tags: ben-hur

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