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30/OUT/2024

Woody Allen volta com filme leve, romântico e alto-astral

'Café society' traz mulheres no domínio de situações e traz no elenco atrizes como a veterana Jeannie Berlin e Kristen Stewart

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Ricardo Daehn Publicação:26/08/2016 06:05Atualização:25/08/2016 17:22
O romantismo dá o tom do longa Café society (Reprodução/Internet)
O romantismo dá o tom do longa Café society

Personagem vital da trama de Café society, mais recente filme de Woody Allen, Vonnie (Kristen Stewart), numa cena enternecedora, dispara uma proposta irrecusável para um ex-pretendente: “Voltar no tempo e dar um passeio”. O convite à nostalgia porém sucumbe ao “sádico redator” do cotidiano das personagens, sob a precisa narração onisciente de Allen (que sequer aparece em cena).
 
Entre redes de fofocas e futilidade —  a meio caminho do “tédio e do fascínio”, como destaca o protagonista Bobby (Jesse Eisenberg) —, a galeria de tipos de Allen se movimenta na meca de Hollywood dos meados dos anos de 1930.

Até a celebração de um ano novo de cortar o coração, muito acontece, numa fita de um diretor oitentão que dispensa clímax enérgico, e sabe se valer da maestria do diretor de fotografia parceiro, Vittorio Storaro (Apocalypse now). Na criação de clima, para contar de adultérios, expectativas amorosas (“sonhos que são sonhos”) e até mesmo de um pequeno submundo de boate, além da bela e translúcida atmosfera, Allen apela para a inebriante sonoridade de jazz, na levada de Richard Rodgers e Lorenz Hart.
 
 
 
Allen está romântico a ponto de encorajar personagens como o de Steve Carell, um magnata agente de estrelas (que habitam o Taj Mahal; melhor dito, Beverly Hills) a encomendar a entrega de uma centena de rosas. Na pele do alterego de Allen, Jesse Eisenberg acerta a mão se redime, sendo ingênuo e afoito, mas nunca escalafobético. Numa das melhores cenas, ele trava, ao mecânico sexo de uma “transação” comercial oferecida por Candy (Anna Camp), uma “disposta” prostituta iniciante.
 
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Com mulheres no domínio de situações, Allen dá espaço para o talento de veteranas do porte de Jeannie Berlin e lapida beleza e talento de Kristen Stewart. Em meio a vidas duplas e filosofias básicas —  entre as quais “alternativas são excludentes” e a gana de protesto contra “o silêncio” imposto pela morte — , os personagens de Allen seguem encantando. Transformações pessoais e os impactos de reajustes no tempo, especialmente quando levada em conta a era crepuscular das lendas hollywoodianas, dão o caldo do filme, até a máxima reservada ao personagem de Jeannie Berlin: “Viva cada dia como se fosse o último e, um dia, você estará certo”.


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