Julia Rezende traz romance e comédia em novo longa
'Um namorado para minha mulher' fala sobre desilusões contemporâneas por meio da relação de Nena e Chico
Ricardo Daehn
Publicação:02/09/2016 06:07
Caco Ciocler e Ingrid Guimarães brilham em comédia romântica de Julia Rezende
É quase um tratamento de choque o começo do mais recente filme assinado por Julia Rezende: depois do entoar de What a wonderful world em versão pop, Nena (Ingrid Guimarães) dispara o quanto está infeliz.
Muito na vida descontenta a mulher, tanto que “detesto” soa como palavra de ordem, quando discorre sobre o uso da polpa em sucos, num país tropical como o Brasil, e sobre temas menos distantes, como a relação de 15 anos ao lado do dono de antiquário interpretado por Caco Ciocler (ótimo, na pele do apalermado Chico).
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Medroso, Chico é homem sem muita personalidade — daqueles que “não olham nos olhos”, como sentencia Nena; daí recorrer à presença de Corvo (Domingos Montagner), incorrigível sedutor, para um approach especial com Nena. A intenção é sabotar o próprio casamento e dispensar uma terapia de casal convencional.
Mais uma vez, a diretora Julia Rezende comprova a queda por temas românticos, como feito em Meu passado me condena e Ponte aérea. Divertido, o roteiro traz situações originais e repletas de identificação com o público. Numa das mais engraçadas são expostas as “contradições” da astrologia, tal qual fosse ciência. Além disso, o filme estampa frases divertidas como “suruba não é formação de quadrilha”.
A princípio, insuportável, pouco a pouco, Nena conquista com as tiradas que vão da incapacidade contemporânea da fala (“tudo agora é símbolo, é desenhinho”) até a declaração de que não seja “transeira” (“pra mim, hoje em dia, transar é tipo evento”). Num plano bem romântico, em que usa até Na rua, na chuva e na fazenda, o filme explora algumas desilusões contemporâneas, além de oferecer um clima leve, de comédia.