'Axé: Canto do povo de um lugar' resgata a história do estilo que bombou nos anos 1990
Grandes nomes do estilo, como Ivete Sangalo e Bell marques, contam suas histórias no documentário
Adriana Izel
Publicação:20/01/2017 06:00Atualização: 19/01/2017 18:53
Luiz Caldas é um dos precursores do estilo, com Fricote
Há mais de 30 anos, o gênero axé music deu os primeiros passos na Bahia, que, logo, se tornaram uma trajetória pelo Brasil. Durante o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990, o gênero ditava a moda do momento na música brasileira. Essa é a história que o diretor Chico Kertész conta no documentário Axé: Canto do povo de um lugar.
A produção explica desde as origens do trio elétrico até a indústria que se criou ao redor dos blocos de axé music em Salvador. Kertész reuniu profissionais do mundo da música, como produtores, empresários e técnicos, além dos próprios artistas que fizeram parte do surgimento e transformação do ritmo baiano. Axé: Canto do povo de um lugar vai desde Luiz Caldas, que fez o axé estourar ao som do hit Fricote, até Saulo Fernandes, o último nome forte do estilo.
O documentário agradará aos fãs do ritmo, mas pode servir de aprendizado para aqueles que nunca deram uma chance ao estilo baiano, que recebe diversos elogios de Caetano Veloso e Gilberto Gil durante o filme. O longa intercala depoimentos e imagens da época de uma forma bastante interessante, o que não o faz se tornar monótono, pelo contrário, a vontade é sair pulando atrás de um trio elétrico.
Confira as sessões
Confira as sessões
Os artistas importantes ao gênero que perderam espaço ao longo dos anos e acabaram sendo renegados pela mídia são citados, como Sarajane (que ficou famosa com A roda), a banda Reflexu’s (que tinha Marinez nos vocais e foi um dos grupos que mais apareceu no Cassino do Chacrinha), Gerônimo, Jota Morbeck, Ricardo Chaves e as várias vocalistas da Banda Mel (Márcia Short, Alobened Airam, Janete Dantas e Jaciara Dantas). Mas é claro que também há espaço para os grandes nomes, como Ivete Sangalo, Bell Marques, Durval Lelys, Daniela Mercury e Saulo Fernandes.
Além de contar a história da axé music, o documentário também faz um panorama de como está o ritmo nos dias de hoje, entrando em várias polêmicas, como a perda da força do axé no Brasil, a disputa entre artistas para sobreviver no mercado e até a saída de grandes líderes de bandas tradicionais.
Seis coisas que você vai aprender sobre a axé music com o filme de Chico Kertész
1. Pai e filho do ritmo
Durante o documentário, vários artistas tentam explicar quem seria o pai da axé music, até, que muitos chegam a conclusão de que o título poderia caber a Wesley Rangel, grande produtor do ritmo na Bahia. Ele criou o estúdio WR para gravar as bandas e os blocos baianos. Já o título de filho ficou com Luiz Caldas, a quem é atribuído o marco do surgimento da axé music com o lançamento da canção Fricote.
2. Chegada de Carlinhos Brown no ritmo
Grande percurssionista, antes de integrar a Timbalada, Carlinhos Brown fazia parte da Banda Acordes Verdes ao lado de Luiz Caldas, Toni Mola, Paulinho Caldas, Cesinha, Carlinhos Marques, Silvinha Torres e Alfredinho Moura. O grupo foi formado em 1979 e serviu de base para vários artistas da axé music.
3. A favorita de Chacrinha
O sucesso da música baiana fez com que muitos artistas se apresentassem no Cassino do Chacrinha. O apresentador teve uma resistência no início, mas acabou se deixando levar pelo boa repercussão do ritmo. Assim nomes como Luiz Caldas e Chiclete com Banana se apresentaram no Cassino do Chacrinha. Mas a artista favorita do apresentadora era a cantora Marinez, vocalista da Banda Reflexu's.
4. Antes do nome Chiclete com Banana
O grupo Chiclete com Banana teve outros nomes antes de ganhar o título mais conhecido. A banda, que foi comandada por Bell Marques durante 30 anos, se apresentou pela primeira vez sob o nome de Scorpius. Também foi chamada de Traz Os Montes, que era o nome do bloco. O nome foi oficializado para gravar o primeiro LP lançado em 1982.
5. A saída de Bell Marques
A saída de Bell Marques do Chiclete com Banana sempre foi cercada de mistério. Após 30 anos no grupo, o vocalista anunciou que seguiria em carreira solo. O motivo de deixar a banda nunca tinha sido revelado oficialmente. Mas no filme Wilson Marques comenta a polêmica saída do irmão deixando a entender que houve uma briga entre eles: "é uma situação familiar. Ficou só eu e Waltinho".
6. Confusões internas no ritmo
O documentário aponta alguns motivos para a crise da axé music, entre elas, uma falta de parceria entre os artistas. A situação é citada por alguns cantores e profissionais do mercado, como Sarajane, Alobened Airam e até o jornalista Hagamenon Brito, responsável pelo termo axé music. Além disso, o documentário revela que a carreira solo de Márcia Freire após deixar a Banda Mel teria sido dificultada por conta do empresário do grupo que teria pago rádios para não tocar as músicas da cantora.