'Comeback - Um matador nunca se aposenta' marca último papel de Nelson Xavier
No longa, o ator interpreta um ex-pistoleiro
Ricardo Daehn
Publicação:26/05/2017 06:00Atualização: 25/05/2017 18:06

Atuação inspirada de Nelson Xavier vale o ingresso de 'Comeback'
Máquinas das menos sofisticadas — tais como as de caça-níqueis e as famosas jukeboxes — ameaçam o brilho de Amador (Nelson Xavier, melhor ator, pelo Festival do Rio), protagonista de Comeback, o filme de estreia do goiano Erico Rassi.
Sem o glamour dos mafiosos cheios de poder atrelados à representação no cinema, Amador vive em ambiente apagado e com paredes corroídas. Aposentado, ele é o tipo traiçoeiro, dono de inesperado jeitinho no manejo de armas e que impõe à narrativa um tom de balada pessoal, repleta de trancos e tropeços.
Melancólico, o filme trata do acerto de contas de um solitário com vida de sucesso contraditório. Amador vive o desespero de plantar algo, de deixar um legado. O orgulho vem do volumoso álbum, com recortes de jornais, dos “trabalhinhos” antigos que incluíam chacinas — tudo sem senso de justiça ou qualquer pingo de ética.
Num compasso de espera, que acomoda o cotidiano da Anápolis em que a fita foi filmada, Comeback tem uma certa graça, pela presença do excelente Nelson Xavier. Apresentando índole calma, Amador é a razão de ser de Comeback. Desanimado com a troca dos tempos, em que suas glórias pouco dizem, o protagonista se revela um empecilho para naturais avanços. Falta, entretanto, ao roteiro, um sentido maior. Na tela, além de Nelson (morto, recentemente) brilham os atores Everaldo Pontes e Gê Martu.