'Amor.com' traz às telonas a paixão em tempos de internet
O longa se inspira em digital influencers para romance improvável
Vinicius Nader
Publicação:02/06/2017 06:00Atualização: 01/06/2017 17:26
Isis Valverde e Gil Coelhoesbanjam química em 'Amor.com'
Katrina (Isis Valverde) é uma blogueira de moda com milhões de seguidores, uma celebridade dos tempos modernos. Fernando (Gil Coelho), um típico nerd que tem um vlog sobre games nem tão famoso assim. Os protagonistas de Amor.com, estreia de Anita Barbosa na direção, se conhecem por acaso e... se apaixonam.
Se o roteiro não é dos mais criativos — dá para prever o final sem nenhum spoiler —, é no carisma e no talento de Isis e Gil que se apoia Amor.com.
Depois de ter um nude vazado na internet, Katrina vai imediatamente atrás de Fernando para resolver a questão. Sanado o trabalho, a situação esperada aparece: ela acha o rapaz desleixado (aliás, a caracterização estereotipada de Fernando, com óculos, calça de moleton e cabelo assanhado, é um ponto negativo), mas fofinho. Ele a acha bonita, mas os amigos acreditam que uma moça que não sabe que a senha 1234 é “idiota” nunca daria bola para ele.
O melhor de Amor.com está por trás das telas. Mesmo que seja sem querer, Anita Barbosa traça um retrato dessa geração que não faz pedidos de namoro em jantares à luz de velas e, sim, troca o status das redes sociais para “em um relacionamento sério”.
A exposição da imagem também é discutida, especialmente quando Fernando é criticado por um empresário (Marcos Mion, em participação especial) por não expor a própria história de vida em troca de mais seguidores. Longe de ser um tratado, Amor.com é leve e vai direto ao ponto.
Entrevista/ Gil Coelho
Fernando é seu primeiro protagonista no cinema. Sentiu o peso do personagem?
Em nenhum momento pensei em fazer uma coisa diferente ou menos focado do que os outros trabalhos. Todos os personagens acabam tendo importância. O volume de texto e de cenas é que aumenta.
Como foi a experiência de viver o Fernando?
Foi intensa. Durante quase um mês eu optei por viver a vida dele. Optei por não sair dele. Eu ia almoçar com o pessoal do filme, criamos redes sociais para ele que são alimentadas pelo pessoal do marketing até hoje. Eu gravo os vídeos às vezes.
Como é a sua relação com a internet?
Nunca fui um cara totalmente internético. Confesso que depois do filme eu mudei isso, vi a importância das redes sociais e a força delas. Roubei isso um pouquinho do Fernando.
A química entre você e a Isis chama a atenção...
É legal... está todo mundo falando isso. É interessante que eu não a conhecia antes do filme. A conheci nas leituras e a empatia veio logo. Depois vieram os ensaios e essa cumplicidade surgiu e virou uma amizade com a vivência no set.
Você tem planos para tevê?
Eu estou gravando o seriado A vila, com o Paulo Gustavo, para o Multishow. Quando acabou o filme, veio (a novela) A lei do amor e agora estou nesse seriado. Eu estou adorando fazer. É bom variar de personagem. A estreia é em 7 de agosto. Depois quero ver se tiro férias porque estou emendando uma coisa na outra.
O Fernando fala de uma coisa muito séria que é a exposição da imagem. Como você lida com isso?
Converso muito com minha família sobre isso. Meu pai me falava muito sobre isso. Eu trato a minha vida profissional como seu eu tivesse qualquer outra profissão. Quando você começa a pensar que a sua profissão tem uma coisa diferente das outras isso pode virar um problema. Eu separo a minha pessoa jurídica, vamos dizer assim, de uma maneira muito normal. Eu amo o carinho dos meus fãs. Como A vila é aberto ao público tem sempre esse contato. Alguns fãs passam a ser amigos meus.
Como impor limite a essa exposição?
Cada tipo de invasão é uma invasão. Não dá para ter uma receita. Quando as pessoas escrevem umas besteiras eu nem leio. Às vezes uma pessoa tira uma foto sem pedir e eu não gosto. Hoje em dia, com os celulares, isso é muito comum. Não custa pedir para a gente se preparar e tal.
Entrevista // Anita Barbosa
Como surgiu a ideia do roteiro de Amor.com?
Eu queria contar uma história de amor. E, em primeiro lugar, é isso que o filme é — uma produção pra cima, para a família inteira e que passa uma mensagem boa, positiva. Depois é que veio a ideia da escravidão da imagem que a gente vive hoje em dia. Para definir o conflito do filme resolvi falar sobre a exposição que vivemos hoje à opinião alheia. No caso da Katrina (Isis Valverde) isso aumenta porque ela é uma influenciadora e tem um alcance enorme. É como se os seguidores fossem a terceira pessoa do conflito.
Essa polarização entre comentários na internet vem dividindo o país. O que pensa sobre isso?
Os comentários sobre tudo são muito duros. A gente vê isso no filme — eles ofendem e criticam, não elogiam somente. Isso causa sofrimento nas pessoas porque a opinião dos outros conta muito hoje em dia. Na vida real essa polarização é muito ruim. Os comentários no Facebook são rudes e tem gente sendo expulsa do grupo da família no WhatsApp por opiniões diferentes.
O filme mostra que as redes sociais podem ser palco para negócios. Hoje é uma profissão séria.
Sim. Mostramos isso no filme. O lado negócio das redes aparece. É preciso que as pessoas entendam como essa diversão pode ser monetizada e virar um negócio mesmo.