Crítica: 'Neve negra', filme argentino, derrapa na fragilidade do roteiro
Longa argentino estreou nesta semana nos cinemas da capital
Alexandre de Paula- Especial para o Correio
Publicação:09/06/2017 06:00Atualização: 08/06/2017 16:24
Ricardo Darín se destaca no longa de Martín Hodara
Neve negra é a segunda produção do argentino Martín Hodara para os cinemas. A primeira, O sinal, foi dirigida em parceria com Ricardo Darín. O ator está presente também no novo longa de Hodara, mas agora apenas atuando. Como o título sugere, a neve é uma das protagonistas do filme.
No enredo, Salvador (Darín) vive recluso em uma cabana no meio da Patagônia. Acusado de matar um irmão durante a adolescência, ele recebe a visita inesperada de Marcos, outro irmão, e da cunhada Laura (Laia Costa). Eles querem convencê-lo a vender a propriedade em que ele vive para repartir a herança do pai (Leonardo Sbaraglia), morto recentemente.
As belas paisagens, capturadas com excelência pela fotografia do filme, impressionam, assim como a trilha e os efeitos sonoros feitos com maestria para o longa. Se os aspectos técnicos impressionam, Neve negra peca pela fragilidade do roteiro e pelo ritmo um tanto truncado, que demora a engrenar e, quando chega lá, entrega tudo.
De fato, é o primor técnico e a atuação de Darín (pra variar) que impedem que Neve negra seja um fracasso e dão méritos à produção. Sbaraglia e Laia também não estão mal, mas não impressionam. Já o roteiro tenta se aprofundar em questões familiares, mas esbarra na superficialidade e em um mistério que fica na cara antes da metade do filme.
Por fim, é irritante como as pontas soltas se resolvem de maneira mágica e irreal, como se a preguiça ou a pressa impedissem o roteirista de trabalhar em uma solução melhor. Neve negra vale por Darín (estranhíssimo e, por isso mesmo, muito bom) e pela beleza das paisagens e de seus aspectos técnicos, mas só.