Filme de Denys Arcand parece um cartão postal erótico de Toronto
Cineasta consagrado decepciona com drama confuso
Ricardo Daehn
Publicação:04/08/2017 06:00

O casamento de Stéphanie e Luc é perfeito aos olhos de quem vê
Ficaram perdidos no tempo os painéis despretensiosos, mas ainda assim outrora influentes, alcançados pela elaborada cinematografia do septuagenário Denys Arcand. Ao menos é o que aponta o mais recente filme que dirigiu: O reino da beleza. Não se trata, nem de longe, do mesmo nível criativo do autor de O declínio do império americano (1986).
O reino da beleza se apresenta como uma espécie de minissérie desfigurada: sem engrenar na atmosfera da sensualidade acenada pelo caso extraconjugal de Luc (o inexpressivo Éric Bruneau) é desproporcional no drama e na sensualidade. Numa passagem por Toronto, Luc topa com Lindsay (Melanie Merkosky) e, juntos, protagonizam um Atração fatal de terceira categoria.
Decifrando o mundo dos abonados canadenses, o diretor parece entediado e apartado de criatividade. Conduz o filme, até bem produzido (justiça seja feita), num ritmo desengrenado incapaz até de explorar a beleza de Stéphanie (Mélanie Thierry, de O teorema zero), etérea, na pele da esposa traída. Para piorar, sem o menor critério, Arcand não perde uma oportunidade de sensualizar o insosso tipo representado por Éric Bruneau.