Crítica: 'Annabelle 2' marca o retorno da boneca assustadora
Apesar de roteiro ruim, novo filme da franquia diverte com maldades infantis, ruptura de limitações físicas e até situações cômicas
Ricardo Daehn
Publicação:18/08/2017 06:00Atualização: 17/08/2017 17:21

Nas mãos de crianças, os brinquedos de 'Annabelle 2' não têm nada de inocentes
Becca e Docinho são duas bonecas da trama de Annabelle 2: A criação do mal, novo filme do diretor David F. Sandberg, que não fazem a menor ideia de onde estão se metendo, ao deixar um abrigo de órfãs, ainda no colo das pequenas Linda (Lulu Wilson) e Janice (Talitha Bateman). Por mais surreal que pareça, a dupla de bonecas poderia, sim, esboçar reação física, frente aos horrores que testemunham num novo ambiente.
Os atores australianos Miranda Otto (Flores raras) e Anthony LaPaglia (Poucas e boas), na pele do casal Mullins, dão vida aos pais sofridos de Bee, a chamada Abelhinha (Samara Lee), morta prematuramente. No filme, tudo confabula para culminar em terror e mistério: uma longa passagem de tempo, crianças carentes de atenção, bullying e inesperadas invocações de entidades.
A confecção de bonecas artesanais e traumas sobrepostos se aninham no lar de Sam (LaPaglia, com proposital falta de expressão facial) e Esther (Otto), que recebem, de braços nem tão abertos, um grupo de moças órfãs. Para piorar, uma breve opressão religiosa cerca o grupo de moças, entre as quais Janice, que ouve de uma tutora: “Pecado é pecado, não importa o contexto”.
Maldades infantis, ruptura de limitações físicas e até situações com alívio cômico fazem do filme um entretenimento razoável. Outro acerto está na versão reiterante da música You are my sunshine, presente na trilha. O grande deslize está no roteiro que, depois de maturar bem a trama, resolve acelerar e condensar vários eventos, na tentativa de deixar a fita mais ágil.