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03/MAI/2024

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À beira do melodrama, o diretor Breno Silveira traz trama familiar

Épico nacional tem boas interpretações das protagonistas e de atores coadjuvantes

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Vinicius Nader Publicação:13/10/2017 06:02Atualização:12/10/2017 16:22
Nanda Costa (D) se destaca em elenco eficiente sob a direção de Breno Silveira (Reprodução /Internet)
Nanda Costa (D) se destaca em elenco eficiente sob a direção de Breno Silveira
 
Entre irmãs não perde o sentimento, apesar da aridez do sertão”. A afirmação dada pelo diretor Breno Silveira ao Correio define bem o longa que o traz de volta aos laços familiares, tônica que vem marcando a obra dele, da qual fazem parte Gonzaga — De pai para filho (2012) e Os dois filhos de Francisco (2005).

Das páginas do livro homônimo vem o melodrama de Luzia e Emília, duas irmãs que acompanhamos desde a infância. Apesar de bem unidas, as duas têm suas diferenças. Luzia, vivida por uma Nanda Costa completamente dentro do papel, é mais dura, flerta com a brutalidade. É levada de casa pelo bando do cangaceiro Carcará (Julio Machado) como refém, mas logo percebe que, para sobreviver, teria de se adaptar à nova realidade e integrar o grupo. Líder nata, ela logo conquista espaço entre os cangaceiros e, como não poderia deixar de ser, se apaixona por Carcará.

À Marjorie Estiano cabe o papel da sonhadora e romântica Emília. Em conversa das duas ainda crianças, ela revela a Luzia que quer encontrar um príncipe encantado que a leve do sertão para a capital. O sonho se torna realidade quando Degas (Rômulo Estrela) vai visitar o amigo Felipe (Gabriel Staufer) no interior e leva Emília para um casamento de aparências em Recife. É também na infância que Emília passa por uma situação que a atormenta até a vida adulta: ela, sem querer, faz com que a irmã caia de uma mangueira e fique entre a vida e a morte. A queda deixa Luzia com o braço defeituoso e Emília se culpa por isso.

Se o roteiro não é dos mais inventivos e se arrasta um tanto pelas mais de duas horas de projeção — tem toda cara de minissérie da Globo, daquelas bem cuidadas, vale ressaltar —, é no elenco que se apoia Entre irmãs. Nanda e Marjorie brilham em seus papéis, mas contam com a luxuosa ajuda de Rômulo Estrela, Letícia Colin (como Lindalva, amiga de infância de Degas) e Fábio Lago (completamente diferente na pele do cangaceiro Orelha).

Também chama a atenção que, apesar de se passar em 1930, estejam em Entre irmãs temas em pauta em 2017: o empoderamento feminino dá as caras a partir de Luzia, Emília e Lindalva; a intolerância política permeia toda a trama do cangaço; e a cura gay aparece no drama de Degas e da família dele. Breno Silveira não faz de Entre irmãs uma obra brilhante, mas estamos diante de um drama delicado e forte ao mesmo tempo — como é o sertão brasileiro.

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