'Gabriel e a montanha' encanta com roteiro que recupera história real
O segundo longa de Fellipe Barbosa tem fotografia e montagem caprichadas
Ricardo Daehn
Publicação:03/11/2017 06:00Atualização: 02/11/2017 17:16

Gabriel e a montanha mostra a trajetória de um amante da natureza
É na compaixão e no senso de afetividade e intimidade que o diretor Fellipe Barbosa de Gabriel e a montanha, no segundo longa, repassa a breve e luminosa existência do economista Gabriel Buchmann (João Pedro Zappa, brilhante), um entusiasta da África.
Como o filme é baseado na vida real, o público já sabe que Buchmann morreu em 2009, numa escalada ao Monte Mulanje (Maláui). Esse é o ponto de partida para Fellipe Barbosa (ótimo também no filme de estreia, Casa grande). Exibido na Semana da Crítica de Cannes, o longa excede, na magnitude com a qual trata, no roteiro, a figura central do enredo.
Anotações de Gabriel e e-mails trocados com familiares calibram a trajetória de sonhos idealizada por ele, que atravessa as paisagens do Quênia, da Tanzânia e da Zâmbia. Impressionam a naturalidade e o poder de convencimento de atores mais maduros, como Zappa (de Boa sorte e Os dias eram assim) e Caroline Abras (Se nada mais der certo), no contato com culturas alheias.
Sem ser apelativa, a narrativa traz belas imagens e ótimo domínio de montagem. Ao final, não há como o espectador não sentir falta de uma personalidade tão magnética. É como se partilhássemos da convivência com Gabriel, por, no mínimo, semanas.