Crítica: Filme 'Liga da Justiça' integra espírito de equipe dos heróis da DC
Expectativa por um bom filme unindo os heróis de 'Liga da Justiça' se confirma em roteiro criativo e atuações convincentes
Ricardo Daehn
Publicação:17/11/2017 06:00Atualização: 17/11/2017 09:15
Questões contemporâneas, como racismo e empoderamento feminino, estão em voga em Liga da Justiça
Matrizes de uma energia operada em ciclo perpétuo que ameaçam diretamente a Terra são o alarmante inimigo combatido em Liga da Justiça. Em conjunto, as três caixas maternas que acomodam a energia surtem um poder ilimitado. Antes, porém, um enorme número de episódios e malabarismos na interação entre os protagonistas estão dispostos na trama de recrutamento da equipe inicial de super-heróis adaptados do universo DC.
Numa das melhores cenas do longa-metragem assinado pelo nerd Zack Snyder, a Era dos Heróis é retratada, dando ideia das origens e do risco com o maior vilão do filme: um despersonalizado Lobo da Estepe. É o tropeço maior de Snyder, que, no passado, adereçou o vilão de 300 (feito por Rodrigo Santoro) como uma escola de samba ambulante.
O cheiro que vem do medo dos humanos tira o Lobo da Estepe do sério e, para piorar, ele entra no enredo repleto de comparsas, os parademônios, grande acerto da adaptação para o cinema. Sem o Superman no encalço e com o destinos dos heróis em corrente especulação pela imprensa de Metrópolis, a existência dos homens é afetada por batidas policiais contra arruaceiros e pela ação de “terroristas reacionários”, como se identificam.
Com roteiro divertido que injeta bom humor até mesmo na figura do taciturno Batman (Ben Affleck, menos carrancudo ou sofredor), tanto Joss Whedon (Os Vingadores) quanto Chris Terrio (Argo) acertam. E a afinidade reflete na interação entre os heróis arregimentados. Haverá quem critique, e com completa razão, o Aquaman feito por Jason Momoa. Não porque beba uísque (ou quebre garrafas) — mas por ter comportamento que destoa completamente do esperado.
Quem rouba a cena, entre os metasseres reunidos pelo esforço da Mulher-Maravilha e de Batman, é The Flash, amalucado jovem, esforçado na patinação no gelo que assume a necessidade de “ter novos amigos”. Mal comparando, The Flash seria o Deadpool da vez.
As cenas de batalha que envolvem o maior vilão, ainda que ele seja unidimensional como um genérico Vingador de Caverna do Dragão, funcionam. Mulher-Maravilha torna consistente o empoderamento feminino, com atitudes de tirar o fôlego.
A questão racial também está esboçada no longa, aprimorada com a participação do Ciborgue negro (o ótimo Ray Fisher). Um golpe de mestre é o equilíbrio entre todos os participantes do grupo, mesmo com o sobressalto do ator Ezra Miller (excelente, como Flash).