Há cinco anos, o diretor de cinema alternativo Benh Zeitlin trouxe, com o drama Indomável sonhadora, rodado numa área pantanosa dos Estados Unidos, uma enxurrada de reconhecimentos para a jovem atriz Quvenzhané Wallis, que, aos 9 anos, recebeu até indicação para o Oscar de protagonista. Numa conjuntura semelhante, tratando de uma menor praticamente abandonada, o diretor Sean Baker, com Projeto Flórida, não foi tão longe, mas igualmente confirmou o pendor da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pelo retrato de crianças com pais desleixados.

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Projeto Flórida traz, grosso modo, o ator Willem Dafoe (Meu amigo hindu) vivendo, em posição coadjuvante, um pai de ocasião, à beira da estrada, num hotel apinhado de figuras marginalizadas. Expert no comando de tramas com tipos desgarrados, Sean Baker, aplicado no cinema independente, já demonstrou capacidade de entreter com pouco, em fitas como Tangerine (2015) e Uma estranha amizade (2012). Projeto Flórida custou módicos US$ 2 milhões.

 

Um hotel na periferia de Orlando dá sobrevida à relação de mãe e filha formulada por Halley (Bria Vinaite) e a agitadíssima menina Moonee (Broklyn Prince). Diante de uma criação nada ortodoxa, Moonee se revela uma espoleta, pronta para tirar do sério Bobby, o caridoso gerente do hotel. Sem o desenvolvimento de uma unidade para a narrativa, o diretor aposta no poder de encanto de esquetes e do magnetismo da intérprete de Moonee. Acerta — talvez justamente pelo respeito ao império de liberdade atrelado à pequena princesa que, a metros da Disney, tem reservado um destino bem menos uniforme do que o do americano médio.