Clint Eastwood volta com história real no longa '15h17 - Trem para Paris'
Em novo filme, diretor surpreende ao apostar em roteirista iniciante e em não-atores como protagonistas
Um exercício de depuração de dramaturgia está por trás de toda a concepção de 15h17 - Trem para Paris, mais novo filme de Clint Eastwood. Aos quase 90 anos, o diretor de Os imperdoáveis tem o mérito da busca pela reinvenção. Além de aceitar a roteirista estreante Dorothy Blyskal, Eastwood fez a alta aposta de colocar três protagonistas amadores no lugar de astros tarimbados.
Na linha contrária à reflexiva visão empregada em A conquista da honra (2006), que também examinava heróis, com 15h17, ele praticamente exorciza dores pessoais de três homens que passaram por ação terrorista em 2015. Na telona, o universitário Anthony Sadler, o soldado Alek Skarlatos e o piloto Spencer Stone reencenam as próprias vidas.
Uma montagem algo dispersiva, nos moldes de Dunkirk, prejudica o filme que apara espaço para o desenvolvimento de maior ficção. No lugar da tensão de um Voo United 93 (2006), título demarcado por uma tragédia conhecida e com narrativa simulando o tempo real, 15h17 pende para lado inesperadamente esperançoso.
Dispersão na sala de aula, traquinagens e dificuldades de foco acompanham as cenas escolares da infância dos futuros heróis. Religiosidade, frustrações juvenis e altos sacrifícios pessoais também compõem a trajetória dos rapazes. Até estarem dentro do trem da Thalys, que os levaria de Amsterdã a Paris, e ao encontro com um terrorista, passam por uma etapa filmada como se fosse um programa de turismo de tevê.
Sem o efeito emocional alcançado, no passado, o diretor se debruça na trama de moços camuflados, mas cujos feitos não passam despercebidos. No enredo de fraternidade, o cineasta ainda cutuca os americanos em cena memorável em que um alemão lembra que “nem todo mal derrotado” diz respeito a americanos.
Confira as salas de cinemas disponíveis na capital para o filme.