Crítica: 'Encantados' homenageia tradições do Norte do Brasil
Longa traz grande elenco em meio à Amazônia brasileira
Ainda que rodado pela diretora Tizuka Yamasaki há oito anos, Encantados mantém certa atualidade: baseada na gênese de uma pajé da Ilha de Marajó (Pará), a real Zeneida Lima, a trama traz muito do empoderamento contemporâneo. À frente de bela interpretação, Carol Oliveira (Hoje é dia de Maria) compõe menina tão arredia quanto decidida.
Com roteiro a cargo do competente Victor Navas (Carandiru), Encantados entra na linha de filmes mais juvenis de Yamasaki, autora de fitas da Xuxa e de títulos como Fica comigo (1996). Depois de, recentemente, ter tratado de religião (Aparecida: O milagre), com o novo filme, ela traz para a cena festejos e tradição do Norte, mesclados à crendice e à instabilidade das forças da natureza.
Recolhida na Fazenda Independência, sob a “proteção” do capanga Fortunato (Anderson Müller) e da maternal figura de Zezé (Letícia Sabatella), Zeneida, aos poucos, se percebe escolhida para ser pajé. A área em que habita, sem a constância na figura do pai (José Mayer), aproxima a menina do misterioso jovem Antônio (Thiago Martins), com súbitas aparições nos igarapés.
De espingarda em punho, a protagonista, muitas vezes, se prova uma ameaça até mesmo para familiares, diante dos acessos apresentados em meio a visões. Na lida com a cultura dos índios caruanas, a diretora consegue entreter, num filme que, se não carrega a energia e a poesia do similar A ostra e o vento (de Walter Lima Jr.), ao menos não compromete.
Confira as salas de cinema na capital para o filme.