Crítica: 'Em pedaços' trata das lutas de uma mulher em busca de justiça
Katja Sekerci perde o marido e o filho em uma explosão criminosa, o que a leva a extremos
Ricardo Daehn
Publicação:16/03/2018 06:02Atualização: 16/03/2018 08:38

A atriz Diane Kruger é destaque absoluto de Em pedaços
Quase uma década depois de comandar Soul kitchen, um filme menos denso sobre dissabores no mundo da gastronomia, o diretor alemão de origem turca Fatih Akin reforça a filmografia pesada e de impacto estridente com Em pedaços.
Fatih já conquistou o Urso de Ouro com o longa Contra a parede e o prêmio de melhor roteiro em Cannes, com Do outro lado. Ambos os filmes tratavam de marginalizados, mesmo enfoque que cabe a Em pedaços.
Carregando o filme nas costas e enchendo cada quadro criado por Akin, Diane Kruger dá vida à sofrida Katja Sekerci, mãe e esposa, que, após uma explosão de bomba, perde o marido e o pequeno filho. Ao seu lado, o advogado Danilo Fava (Denis Moschitto) fará o impossível para condenar os suspeitos.
A protagonista constrói uma meticulosa postura de ataque: garante, para si, que não tolerará maiores injustiças. O tratamento seco com os familiares, o uso de drogas como escapismo e a revolta com situações preconceituosas que cercam o passado do marido são milimetricamente vividos por Diane.
Fatih Akin ainda incorpora o peso da narrativa sonora. A cena em que, sem imagens, uma especializada testemunha relata os efeitos físicos e a dor orgânica com a mutilação da criança, diante da explosão, é de uma crueldade inimaginável.