Crítica: Juliette Binoche enfeitiça o público em 'Deixe a luz do sol entrar'
Longa conta a história de uma mulher madura que busca se reinventar
Com mais 50 anos, a estrela Juliette Binoche confirma que sempre será um frescor, captada pelas luzes do cinema. Sensual, sem nunca encenar vulgaridade, madura e resolvida, a estrela francesa tem a naturalidade exigida pela determinada Isabelle, que puxa toda a trama do mais recente filme assinado por Claire Denis, Deixe a luz do sol entrar.
A premissa do filme bem renderia uma comédia romântica, mas o lado documental de Denis e o roteiro esperto, feito ao lado de Christine Angot, incapacitam a estrela Binoche de estar presa a moldes. Artista plástica, Isabelle não quer o sufoco de uma relação unilateral (daí, aos poucos, se livrar de Vincent, um banqueiro enfadonho e ridículo vivido por Xavier Beauvois) e tem por meta ser amada sem muita possessividade — oferta temporária da relação com o ator interpretado por Nicolas Duvauchelle.
Crivado de reflexões em torno da cumplicidade amorosa, Deixe a luz do sol entrar encanta por não correr a favor de fórmulas. Tortuosa, a representação é da busca por amor, de alguém desesperado por viver algo real, às vias da terceira idade. Além do gritante brilho de Juliette Binoche — indicada para o César de melhor atriz —, a fita se vale da preciosa presença do icônico Gérard Depardieu, na pele de um vidente.
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