Crítica: Filme 'Zama' fala sobre a colonização na América espanhola
O elenco de 'Zama' conta com Matheus Nachtergaele e foi dirigido pela argentina Lucrecia Martel
Prevalece, no mais recente filme da diretora argentina Lucrecia Martel, uma abordagem de painel, ainda que a trama seja afunilada em cima de Zama (Daniel Giménez Cacho), exemplar da predatória colonização espanhola, recentemente mostrada em fitas fortes como Joaquim (Marcelo Gomes) e Vazante (Daniela Thomas).
Menos interessada em personagens femininas que compuseram a filmografia (que contempla A menina santa, O pântano e A mulher sem cabeça), Lucrecia Martel traz para a tela parte da literatura de Antonio di Benedetto (argentino que concebeu Zama, em meados dos anos 1950). Na mesma leva de intensidade que permeou Cartas da guerra (o poético filme baseado em António Lobo Antunes), Zama se prende a uma tentativa de alforria: pretende a muito custo se reunir à família, desgarrada em Buenos Aires.
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Com a câmera voltada quase exclusivamente para o protagonista, a diretora aproveita com resultado modesto os personagens criados por Matheus Nachtergaele e pela atriz almodovariana Lola Dueñas. Dotado de excelente direção de arte, o longa se resume a contar rivalidade de homens pouco civilizados e a epopeia do protagonista que necessita de uma carta do rei que resulte na sua relativa liberdade.
Subserviente, Zama fará o possível — até capturar o temido criminoso Vicuña Porto — para alcançar seus rebentos. No processo, promete se reencontrar com outra persona, praticamente obrigada a uma condição bem inesperada.