Estreia da semana, 'Severina' é um drama romântico de Felipe Hirsch
A protagonista do filme, interpretada pela argentina Carla Quevedo, rouba livros
No drama de época A menina que roubava livros pesava uma faceta densa em que a protagonista trazia o dom de compartilhar o poder da literatura. Sem o orçamento astronômico daquele filme, e com abordagem contemporânea e bem menos impactante, o diretor Felipe Hirsch arrisca trazer às telas uma outra menina destinada a roubar livros. Ana (Carla Quevedo) transtorna a mentalidade do livreiro interpretado por Javier Drolas (Medianeras), em Severina, nome do filme que estreia nesta semana.
Derivado do romance homônimo do guatemalteco Rodrigo Rey Rosa, Severina encoraja a quebra de barreiras entre real e imaginação, um detalhe bem reproduzido no clima da fotografia assinada pelo português Rui Poças.
Os encontros pessoais pesam e acalentam, quando representada a rotina do livreiro, afundado numa loja uruguaia sem muito movimento. Em plena era digital, ele segue dando pequenos socos em ponta de faca — mas com clientela fiel.
Verdadeira incógnita — e no pedestal de musa —, Ana tem muito mistério a demonstrar. Partindo de coloquial (e bem confeccionado) rótulo de drama romântico, Hirsch arrisca sair da reta, enveredando por um andamento etéreo à la Hector Babenco (de O passado e Coração iluminado, em especial).