Crítica do filme alemão 'De encontro com a vida'
O longa conta a história de um homem cego tentando viver sem que saibam de sua condição
Fazia algum tempo, o diretor alemão Marc Rothemund não conquistava um espaço mais popular no mercado brasileiro. Há 12 anos, ele até fez certo barulho, com a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro por Sophie Scholl — Uma mulher contra Hitler. Premiado no Festival Internacional de Cinema de Brasília, Scholl perdeu a importante estatueta para o longa da África do Sul Infância roubada.
A persistência da protagonista do movimento Rosa Branca (detido pelos nazistas) talvez seja o maior ponto em comum com este De encontro com a vida.
Praticamente duas fases demarcam a vida do jovial Saliya (Kostja Ullman): na primeira, caótica, ele perde cerca de 95% da visão por causa de um descolamento da retina. Já num segundo quadro, o rapaz segue para Munique, atrás do emprego dos sonhos: um estágio em luxuoso hotel.
O grande problema é que ele não comunica ninguém das necessidades especiais. Numa espécie de labirinto, ele terá apenas um confidente: o amigo Max (Jacob Matschenz).
Um dos grandes acertos na história é uma espécie de completa subversão de esquemas esperados, em termos de roteiro. Interpretada por Anna Maria Mühe, Laura será uma grande motivação para Saliya, quando o assunto é amor.
Porém, fugindo do esquemão das comédias românticas, será justamente ela a desmascarar as limitações de Saliya, frente ao exigente Fried (Alexander Held) e do rigoroso e temido Kleinschmidt (Johann von Bülow).
A leveza com a qual o filme trata de questões ligadas à imigração pode ser algo incômoda. Mas, além de protagonista carismático, o filme tem a favor temas valorizados pela atual sociedade: o apuro e a exigência de atendimento em temas gastronômicos e a inclusão social.