A torta maturidade de um jovem entra em cena em 'Ciganos da Ciambra'
Na companhia de nomes de peso na produção, Jonas Capignano leva às telas a conturbada e precoce maturidade de um jovem. Confira a crítica.
Ricardo Daehn
Publicação:04/05/2018 06:15Atualização: 03/05/2018 18:27
'Ciganos da Ciambra' traz um menino enfrentando problemas de gente grande
Novo filme de Jonas Carpignano, Ciganos da Ciambra segue uma linha violenta de recentes produções ao estilo de O fantasma da Sicília e Nico, 1988 — que revigoram a afiada rusticidade do cinema dos anos 1960 e 1970 da Itália.
Por vezes, a dura vida do protagonista conversa com a trajetória da vivida pelo personagem central de Acattone — Desajuste social (1961), clássico de Pier Paolo Pasolini. A diferença está no peso da idade: em Ciganos da Ciambra trata-se de um menino, Pio Amato, à frente de destino cruel.
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Ele fuma e envereda pelo crime. Carpignano sabe do potencial dramático do jovem que reencena a realidade com a qual convive, entre cigarros, passaporte para prematura maturidade e diálogo com a violência. Nomes de peso estão na produção, como Martin Scorsese e Rodrigo Teixeira.
Exemplos tortos se espalham na vida de Pio (o mesmo nome do ator é adotado no enredo): Iolanda é a matriarca com voz de comando e pouca afetividade, enquanto Cosimo (Damiano Amato) é o irmão que incorpora o modelo a ser seguido.
O dinamismo da câmera e da edição abalam o espectador, numa similitude com o novo clássico de Matteo Garrone, Gomorra.
Sensível e amargo, Ciganos da Ciambra ainda examina a realidade dos africanos. Como se fosse um Pixote do sul italiano, Pio brilha e, com a trilha sonora que inclui o sucesso Faded, responde pelo inesquecível final que bifurca a vida dele em duas possibilidades.