Crítica: 'Antes que eu me esqueça' leva José de Abreu às telonas
Película que apresenta comédia e drama, também conta Danton Mello
Ricardo Daehn
Publicação:25/05/2018 06:00Atualização: 24/05/2018 19:30
José de Abreu e Danton Mello vivem personagens com personalidades muito diferentes
Óleo e água poderiam se misturar? A pergunta não vale apenas para os tons de cenas adotados pelo diretor estreante Tiago Arakilian, capaz de injetar drama e comicidade, mas ainda para os dois protagonistas do filme: Paulo (Danton Mello), um aspirante à vaga de pianista de orquestra, e o pai dele, o idoso Polidoro (José de Abreu, um talento sempre luminoso). Um respira arte, enquanto o outro é apegado ao mofo das leis canonizadas. Vale ressaltar que Polidoro é um juiz aposentado, exigente no tratamento formal, mas quase abatido por uma interdição judicial requisitada pela filha.
Também estreante na sétima arte, a roteirista Luísa Parnes se mostra uma boa promessa. Ao mesmo tempo em que se rende ao humor escrachado (com parcimônia), ela dá conta de uma dramaturgia intrigante, que deixa lacunas, a exemplo das sentidas em comédias nacionais (com fundo dramático) como Entre abelhas e Superpai (para citar outro longa com Danton Mello).
Além disso, ressona no filme um humor à la Hugo Carvana (que mistura nonsense, noitadas e situações absurdas). Bons coadjuvantes como Guta Stresser (muito engraçada, na pele da prostituta Joelma), Mariana Lima e Augusto Madeira trazem maior colorido para o filme que, no fundo, trata da reaproximação entre um pai e um filho.