Personagem de Leandro Hassum se desdobra para atender as demandas da filha

Deve ser realmente uma tarefa ingrata dirigir um filme como Não se aceitam devoluções, que já teve duas versões muito superiores em línguas espanhola e francesa. Com carisma e esperteza bem menos gitante do que Omar Sy (da fita francesa Uma família de dois), o ator Leandro Hassum assume o papel que, na telona já foi do mexicano Eugenio Derbez, fazendo o que pode, para dar ânimo ao papel do ocasional pai de família, antes dado a festanças e uma vida sem muito norte.

Bem menos engraçado do que muitos enxergam, no novo filme, Hassum dá vida a Juca Valente que, pelo aparecimento de uma inesperada filha (interpretada por Manuela Kfouri), moverá montanhas, enfrentando os desafios de uma vida hollywoodiana — mas com ênfase no lado B: como dublê de filmes.

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Coadjuvantes divertidos como Zéu Britto e Jarbas Homem de Mello deixam o filme do brasiliense André Moraes mais leve e a fita ganha com a presença da cubana Laura Ramos, no papel de uma mãe, a princípio, desapegada da filha. Rodado como um sonho americano para brasileiro ver, Não se aceitam devoluções soa quase como aviso, na boca da bilheteria.

Ainda que haja a grata satisfação de ver Leandro Hassum com uma forte e convincente verve dramática, as emoções primitivas geridas num roteiro mais do que manjado oferecem rarefeito arejamento. Pior ainda é que todas as situações se alongam, muito mais do que o necessário.