Crítica: Apesar dos excessos, o forte 'Canastra suja' vale a conferida
O diretor Caio Sóh apresenta drama de família deteriorada no Rio de Janeiro
Ricardo Daehn
Publicação:22/06/2018 06:00Atualização: 21/06/2018 17:00
Quase 15 anos depois de o diretor Roberto Moreira lançar o drama Contra todos, sobre uma família suburbana perdida em meio a mazelas paulistanas, o cineasta Caio Sóh apresenta outro núcleo putrefato, mas com enfoque no Rio de Janeiro, em Canastra suja.
Tudo se mistura nesta ciranda de dramaturgia pesada: os atores são convincentes, há muitos palavrões e as situações denotam potencial sexualizado.
Batista (Marco Ricca) quer se regenerar, na vida em que tudo “deu errado”. Casado com a esforçada Maria (Adriana Esteves, luminosa), o chefe de família é alcoólatra e carrega dramas que envolvem o péssimo relacionamento com o filho Pedro (Pedro Nercessian) e traz dose de estranheza com a filha Emília (Bianca Bin), quase uma cuidadora da irmã doente, Rita.
No jogo da vida, a aposta do patriarca seria na família, mas ela teima em vir tal qual canastra suja, ou seja, com a metade do valor.
Depois de assinar o artesanal e interessante Por trás do céu, Caio Sóh convence no drama movido a humilhações e preconceitos (raciais, especialmente); mas se perde nos excessos. Entre roubos e exposição de vergonhas que acompanham os familiares de Batista, alguns pontos parecem algo frouxos ou forçados. Ainda assim, o filme vale o ingresso.