Transformações emocionais, físicas e de localidade em que pesam as capitais São Paulo e Berlim dão o norte para o filme Alguma coisa assim, codirigido por Esmir Filho e Mariana Bastos. Com a montagem equilibrada, a cargo de Caroline Leone (diretora de Pela janela), o filme não reverbera os solavancos das vidas de Mari (Caroline Abras) e Caio (André Antunes) — reunidos, uma década depois de serem protagonistas de um curta da mesma dupla de cineastas.

 

 

Aborto, dinheiro, drogas, sexualidade, imprecisões em relacionamentos sociais e alguma imaturidade do casal de amigos (ou seriam mais do que isso?) nutrem toda a trama. Tudo de forma curta e objetiva.

 

Caio se apega amorosamente a rapazes, mas deixa uma janela entreaberta, no entendimento da amiga dele, Mari, que vai morar na Alemanha. Reunidos, tanto ele, que se diz inclinado à monogamia, quanto ela, pouco apegada a posses e convenções, terão uma enorme crise a administrar em território estrangeiro. Numa cena emblemática, o casal dorme de costas um para o outro.

 

 

 

Na condução do filme, que alcança o diferencial de ser solar, mesmo contemplando uma cena de discussão exaltada, Esmir Filho e Mariana Bastos confirmam a fluidez no diálogo com os espectadores jovens, na mesma linha de trabalho de produções como Tapa na pantera e Os famosos e os Duendes da morte. Com final nostálgico e interessante,  Alguma coisa assim registra com bons tons companheirismo e cumplicidade.