'A vida em família' discute moralidade e fé de comunidade italiana
O diretor austríaco Edoardo Winspeare insere humor e dose de romantismo no filme
Ricardo Daehn
Publicação:07/09/2018 06:01Atualização: 06/09/2018 17:17

O filme italiano foi exibido na 8 1/2 Festa do Cinema Italiano
Títulos anteriores relacionados a milagres e atitudes plenas de boa vontade por parte dos personagens construíram uma aura de bondade em torno do cinema projetado pelo diretor Edoardo Winspeare. Com A vida em família, todos esses predicados se renovam e até emocionam, se descontada a carga de dramaturgia que lembra novelas brasileiras passadas em vilarejos.
Exibido na mostra Horizonte, do Festival de Veneza e, em agosto, no Brasil, durante a 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, o filme foge do registro de afobação reinante nas cidades contemporâneas. Prazeres e felicidade são descortinados para o prefeito Filippo (Gustavo Caputo), incapaz de ser alegre.
Acatar a natureza das coisas, junto com tranquilidade impressa na rotina, nutre o cotidiano de Filippo. No contato com os contraventores Angiolino (Antonio Carluccio) e Pati (Claudio Giangreco) e na recuperação (indireta) de ambos pelo poder da literatura, o prefeito parece fazer as pazes com o que seja relevante para a sua vida.
Discutindo moralidade e até fervor religioso da comunidade italiana, o austríaco Winspeare consegue inserir comédia e algum romantismo — como no caso do personagem Biaggeto (Daniele Riso), o parvo e inexperiente filho de Pati.
Numa das melhores cenas de A vida em família, a figura do papa (tal qual ocorrido no melancólico O banheiro do papa) é acionada na ficção, a fim de demover pretensões criminosas de Angiolino. Acaba se tornando uma das grandes piadas da fita.